Palavra do Arcebispo: Sinodalidade e diálogo

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Palavra do Arcebispo: Sinodalidade e diálogo

A encíclica Ecclesiam Suam escrita pelo Papa Paulo VI em 1964, durante o Concílio Vaticano II, afirma que o diálogo é um aspecto capital na vida hodierna da Igreja. E mais, a Igreja deve entrar em diálogo com o mundo em que vive. É o espírito da mensagem que o Papa Francisco propõe quando convoca o sínodo sobre sinodalidade. A Igreja não pode viver em uma cápsula, na solidão, ao sabor de um poder que não é mais generativo, sem sabor de vida, de evangelho e de serviço. A Igreja deve assumir a dianteira em propor o diálogo com as pessoas e culturas. O diálogo marcado pela verdade e caridade se tornam diálogos de salvação.

Quando os problemas de uma determinada cultura se tornam maiores do que as soluções que apresentam, então é necessário encontrar um novo sistema, novos valores culturais. São Paulo dá o exemplo de quem saiu da bolha e foi falar na praça. Entrou em diálogo com a filosofia grega e descobriu o potencial que o diálogo oferece à ação de Deus na história. Antes estavam longe um do outro e foram aproximados pelo sangue de Cristo. Destruiu a barreira, o muro que os separava (cf. Gl 2,13-14).

Paulo VI na encíclica Ecclesiam Suam aponta para três desafios fundamentais no diálogo com o mundo. Primeiro: a Igreja deve aprofundar o conhecimento de si mesma e do tesouro de verdades de que é herdeira. Segundo: comparar a Igreja tal como Cristo a quis e amou com o rosto deficitário que apresenta hoje. Nota-se que há uma necessidade de renovação e de corrigir as imperfeições dos membros. Por fim, apresenta-se uma necessidade de diálogo entre a Igreja e o mundo moderno. Este apresenta não uma, mas inúmeras formas de contatos possíveis. É para este mundo que a Igreja se faz palavra, se faz mensagem, se faz colóquio.

O Papa Francisco expressa na Evangelii Gaudium que é necessário alcançar o lugar onde se formam os novos paradigmas, chegar com a Palavra de Deus ao âmago da alma das cidades. A cidade, por sua vez, é uma realidade multicultural. A Igreja é chamada a dialogar com estas realidades, ainda que algumas praticam a segregação e a violência. Por muito tempo se praticou, no mundo, um relacionamento de domínio e opressão, de colonialismo que produziu feridas com séculos de profundidade. Aos séculos de opressão e exploração, acrescentou-se uma realidade mais gritante, a da exclusão social, que afeta a raiz da pertença à sociedade. O espírito sinodal nos desafia a entrarmos em diálogo com todas estas realidades. Somos chamados a introduzir nelas a dinâmica da escuta, do encontro, da devolução da liberdade, da pacificação e reconciliação, da cura e do cuidado.

Arcebispo Dom Wilson JönckPalavra do arcebispoSinodalidade

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