É a súplica do cego sentado à beira da estrada em Jericó quando Jesus passava. Jesus acolhe o grito de Bartimeu e pede que se aproxime. Ele recupera a visão e passa a seguir Jesus. O cego de Jericó representa a cegueira dos discípulos de todos os tempos. Estar à beira do caminho é estar ao alcance de Jesus que passa.
Aprender a ver é um processo. Basta olhar para o caminho que os discípulos fizeram. Aceitaram o chamado, seguiram a Jesus, mas no momento do Calvário mostraram que o processo não estava pronto. Judas o traiu, Pedro o negou, Tomé teve uma reação de obstinação, os dois de Emaús tinham tomado a decisão de abandonar tudo. A ressurreição de Jesus levou-os a ver algo que não tinham visto antes. Era uma realidade que tomou conta das suas vidas. Aprenderam a ver de verdade quem era Jesus. Descobriram também quem eram eles próprios.
Ver com os olhos da fé é um itinerário que compreende alguns passos. Todos eles se dão na relação com o Senhor. O estar perto ou longe faz toda a diferença. Bartimeu estava cego, mas colocou-se à beira do caminho. Uma atitude decisiva para adquirir o modo de ver como Deus é estar próximo dEle. A oração, o escutar a palavra de Deus são ações que nos colocam em contato com Deus. Ajudam a configurar a vida de acordo com o olhar de Deus. Não podemos esquecer das palavras do Evangelho que afirma que quando se fizer uma ação pelos menores, é a Ele que se está servindo.
A penumbra marca o caminhar da fé. O mais claro ou mais escuro depende da proximidade que se está da luz, e a luz é o próprio Cristo. Adão e Eva se esconderam de Deus. Os discípulos de Emaús se afastavam de Jesus. Tomé negou-se a fazer-se presente quando os apóstolos se reuniram. Mas quando alguém organiza a vida em torno da riqueza, do prestígio, do poder também intensifica o escuro na sua vida. Não importa onde nos encontramos, o fundamental é caminhar em direção à aurora. Assim o clarão do sol que nasce já vai iluminando a caminhada neste mundo.
O mendigo do Evangelho deixa o manto, dá um salto e vai até Jesus. Somos convidados a repetir cada gesto, deixar nosso manto e caminhar até Jesus. Assim recuperamos a capacidade de ver que nos coloca no seguimento de Cristo. Os discípulos também deixaram tudo e seguiram Jesus, mas parece que não sabiam fazer com profundidade em um primeiro momento. Abandonaram Jesus no momento da revelação decisiva da cruz. Também eles queriam salvar com os meios que são a raiz do mal. Quem quer salvar-se com os meios do poder e do prestígio, acredita só no poder do homem. No homem não há salvação, só em Cristo. Jesus cura o cego, ilumina a sua vida e ele passa a seguí-lo. É no alto do Calvário que se verá todo o horizonte.