Escrevo sobre o Pe. Raulino com o objetivo de destacar o tema da Romaria da Terra que acontecerá em Florianópolis no dia 9 de junho de 2024. O tema é “Peregrinos da Esperança no Cuidado da Casa Comum”. Quando o assunto é a educação ambiental Pe. Raulino desponta como um dos principais incentivadores. Seus trabalhos são reconhecidos no Brasil e na área da pesquisa ecológica no mundo todo. Foi diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Pe. Raulino foi presbítero da Arquidiocese de Florianópolis, nasceu em Antônio Carlos em 1919 e faleceu em Itajaí em 1990. Destacou-se como botânico. É grande conhecedor do meio ambiente de Santa Catarina. Realizou 953 excursões botânicas em Santa Catarina. Foi profundo conhecedor da fauna e flora catarinense. Empenhou-se na proteção dos ecossistemas, na restauração da fauna e integrou equipes de saúde no combate à malária.
Foi grande estudioso. Sempre buscou colocar a ciência a serviço das causas da comunidade. Também costumava repetir que as florestas existem para servir à vida. Na área científica publicou a enciclopédia “Fora Ilustrada Catarinense”, classificou as bromélias e orquídeas e deixou uma enorme coleção de exsicatas – plantas desidratadas- que podem ser encontradas no Herbário Barbosa Rodrigues em Itajaí. Estudou os mangues, as dunas e as plantas. Lutou também pela preservação da cultura açoriana.
Acima de tudo lutou na área política para que houvesse projetos de proteção do meio ambiente. Empenhou-se com grande esforço na implantação da Fundação de Amparo e Tecnologia do Meio Ambiente (FATMA). Esteve presente, quando não foi o mentor, da criação dos parques estaduais. São vários em Santa Catarina – Parque da Serra do Tabuleiro, Parque do Morro do Baú, Reserva do Caraguatá, Reserva dos Pilões, Parque da Serra Furada, Parque das Tartarugas na Lagoa do Peri. Criou ainda a Reserva Biológica do Sassafrás, Reserva da Canela Preta, Reserva biológica do Aguaí. Responsável pelo tombamento da ilha de Anhatomirim.
Muito do espírito ecológico que vemos despontar nos nossos dias recebeu um grande incentivo das iniciativas do Pe. Raulino. Há uma conscientização sempre crescente a respeito da conservação das florestas, da renovação das espécies aquáticas, da proteção das nascentes dos rios, da proteção da fauna. Interessou-se pelo assentamento dos indígenas e a indenização dos colonos. Ocupou-se com a poluição industrial, com o efeito destruidor da exploração dos minérios, com a preservação da mata nativa nas diversas regiões do Estado. Enfim, lutou pela preservação do meio ambiente, foi ativo como agente político para que desse atenção à ecologia, incentivador do uso dos meios científicos no estudo da ecologia. Foi um grande educador ambiental.
