O sentido simbólico da Romaria da Terra e das Águas

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O sentido simbólico da Romaria da Terra e das Águas

A 26ª Romaria da Terra e das Águas irá acontecer no dia 9 de junho de 2024, em Governador Celso Ramos, na Arquidiocese de Florianópolis. O anúncio oficial foi feito ao término da edição anterior, realizada em 15 de setembro de 2019, em São José do Cerrito, na Diocese de Lages. Inicialmente programada para ocorrer em 2021, foi adiada devido à pandemia de Covid 19 que assolou o mundo.

Cartaz da edição deste ano

Na ocasião, o arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, antecipou uma calorosa acolhida que os romeiros encontrarão na arquidiocese. “Para nós, é uma alegria receber novamente um evento tão importante para a Igreja do Estado de Santa Catarina. Que, desde já, todos se sintam bem-vindos em nossa Arquidiocese!”, saúda Dom Wilson.

O que é Romaria da Terra e das Águas?

As peregrinações possuem uma significância simbólica profunda, enraizada na trajetória da humanidade. Desde tempos imemoriais, certos lugares despertam fascínio nas pessoas, que os buscam em busca de algo que dê sentido às suas vidas.

As Romarias da Terra surgiram após o Concílio Vaticano II, que promoveu a reconciliação entre o povo, a palavra e o altar. Enquanto as romarias tradicionais se concentram no altar e na veneração dos Santos, as Romarias da Terra trouxeram a dimensão da “Palavra” e da reflexão. Enquanto as primeiras destacam a individualidade, as promessas e o transcendente, as últimas focam no coletivo e na realidade das comunidades.

A diversidade das Romarias é notável. Desde 1978, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) tem organizado essas jornadas, começando no Rio Grande do Sul e em Bom Jesus da Lapa, Bahia. Elas variam em frequência e localização: algumas são realizadas anualmente por regiões, outras a cada dois ou três anos, e algumas não seguem um cronograma definido. Muitas delas ocorrem em locais que testemunharam eventos significativos na luta pela terra, como conflitos ou conquistas territoriais. Enquanto a maioria é regional ou estadual, algumas são diocesanas.

No início dos anos 2000, algumas Romarias começaram a incluir também as águas em seu escopo, passando a se chamar Romarias da Terra e das Águas.

O que diz o resumo do texto-base da 26ª Romaria da Terra e das Águas?

O texto-base traça a jornada histórica da arquidiocese, ressaltando a riqueza da diversidade cultural e étnica que a moldou. Desde os primeiros habitantes da região, como os Kaingang, Xokleng e Carijós, até os primeiros europeus, entre náufragos, desertores e missionários franciscanos, a formação da comunidade foi marcada por uma série de eventos. Porém, a história também carrega tragédias, como a interrupção das missões em 1548, que resultou na prisão e escravização dos indígenas convertidos.

A colonização por bandeirantes e a chegada dos açorianos entre 1748 e 1756 deram forma a novas comunidades, enquanto a mão de obra escrava africana impulsionou setores econômicos como a pesca e a produção de alimentos. No século XIX, a imigração europeia, especialmente de alemães e italianos, contribuiu para o desenvolvimento agrícola e cultural, embora enfrentassem desafios de adaptação e tensões com os povos indígenas.

Dessa interação entre diferentes povos e culturas, a arquidiocese emergiu como um mosaico rico em diversidade, onde o cuidado com o meio ambiente ganha destaque tanto nos ensinamentos religiosos quanto nas ações de figuras exemplares, como o Padre Raulino Reitz. O texto conclui com um apelo à acolhida dos peregrinos contemporâneos, lembrando a todos da responsabilidade compartilhada como filhos de um único Deus e guardiões da criação.

A vida e legado do Padre Raulino Reitz, presbítero da Arquidiocese de Florianópolis, são destacados por sua dedicação à pesquisa botânica e à preservação da fauna e flora catarinense. Desde seus primeiros anos em Antônio Carlos (SC), demonstrou interesse pela botânica, fundando em 1942 o Herbário Barbosa Rodrigues, onde catalogou uma vasta coleção de plantas. Além de suas responsabilidades religiosas, dedicou-se ao magistério e a expedições científicas que contribuíram significativamente para o conhecimento da flora local.

>>> Clique aqui para ler mais sobre a história do Pe. Raulino Reitz

Inspirado pela encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco, o texto ressalta a necessidade urgente de proteger o meio ambiente, reconhecendo a interconexão entre a degradação ambiental e os desafios sociais. As mudanças climáticas são identificadas como uma ameaça global, com consequências desproporcionalmente severas para os mais vulneráveis. O Papa alerta para a manipulação de informações em prol de interesses econômicos, destacando a importância de soluções globais em benefício do bem comum.

O texto enfatiza a responsabilidade dos cristãos em cuidar da criação divina como expressão de sua fé, reconhecendo os desafios ambientais como manifestações de pecado ecológico. Destaca-se a necessidade de uma conversão ecológica pessoal e social, além do papel das instituições na promoção do bem-estar humano e da preservação ambiental.

A “conversão ecológica” proposta pelo Papa Francisco é apresentada como resposta à crise ambiental e social, incentivando uma mudança de comportamento que reconheça a interconexão entre os problemas enfrentados pela humanidade. O texto destaca a importância das paróquias em promover o cuidado com a casa comum e apresenta práticas sustentáveis em diversas áreas, visando um mundo mais justo e sustentável através do engajamento coletivo.

Romaria da Terra e das Águas

Uma resposta

  1. Parabéns pelo belo trabalho sobre o padre e botânico Raulino Reitz.
    Se tiver algum livro ou material sobre padre e botânico eu gostaria de ler o material.
    Eu faço o curso Técnico em Meio Ambiente do IFSC-Instituto Federal de Santa Catarina-Campus Florianópolis-SC.

    Annelize

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