Artigo: Caminheiros de Emaús, por Pe. Vitor Feller

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Artigo: Caminheiros de Emaús, por Pe. Vitor Feller

No Tempo Pascal lemos e ouvimos as passagens que nos testemunham a manifestação do Cristo Ressuscitado às mulheres e aos apóstolos e aos primeiríssimos membros da comunidade cristã. Uma destas passagens narra o encontro de Jesus com os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Uma aplicação da celebração eucarística, em que os discípulos são alimentados com a Palavra da salvação e o Pão da vida.

Conversão pela Palavra

Depois de ouvir as lamúrias dos discípulos, num turbilhão de frustração e desencanto, Jesus lhes recorda as promessas e profecias acerca de sua morte. Até então os discípulos haviam lido as Escrituras escolhendo passagens que anunciavam um Messias triunfante, que iria derrotar o poder religioso do Templo e o poder político do Império Romano. Daí o peso do fracasso: “Nós esperávamos que fosse Ele a libertar Israel”. Mas Jesus faz outras leituras e lhes explica o que “em todas as Escrituras” se referia a Ele. Certamente Jesus ia expondo, entre outras, as passagens do Servo sofredor, da paixão de Jeremias, das aflições e angústias do salmista, do sofrimento de Jó. Assim o coração deles ia ardendo e eles iam se convertendo a outro modo de reconhecer o Senhor: a glória passa pelo sofrimento.

Do Pão para a missão

Além da Palavra, os discípulos são alimentados com o Pão abençoado pelo desconhecido peregrino, que usa palavras semelhantes às do rito da consagração do pão eucarístico: “tomou o pão, o abençoou, o partiu e o deu a eles”. Aquele que estava presente, mas não era reconhecido, torna-se agora ausente, mas em outra forma de presença: no interior de seus corações ardentes, na comunhão deles entre si, na urgência da missão (“levantaram-se imediatamente, voltaram a Jerusalém e encontraram os onze e os outros companheiros”), na comunhão com Pedro e os apóstolos, no envio para o mundo afora a anunciar: “Ele está no meio de nós!”

A Páscoa dos discípulos

As narrações das aparições testemunham a Páscoa de Jesus, sua passagem da cruz para a ressurreição. Nelas também transparece a Páscoa-passagem que fazem os seus seguidores, as mulheres, os apóstolos. No caso dos discípulos de Emaús, o encontro com Cristo provoca-lhes uma mudança radical; é a sua Páscoa: passam da tristeza para a alegria, da obscuridade para a iluminação, do desencanto para o entusiasmo, do isolamento para a missão. É a “Igreja em saída” desde os seus inícios.

Imagem: Caminho para Emaús, por Robert Zünd (1877)

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