No agitado ritmo da atualidade, tarefeiro e frenético, em que até os momentos de descanso e ócio são preenchidos por redes sociais e outras mídias, observa-se a escassez de disposição para a solidariedade, especialmente quando se trata da partilha de tempo, afeto, escuta e abraço. E, nesse contexto, visitas a acamados, presos e reclusos de toda a ordem acabam sendo realizadas ocasionalmente sem continuidade e comprometimento, enquanto mais de 90% dos abrigados em instituições de apoio sofrem de solidão pela falta ou escassez de visitas de familiares e amigos. Todavia, a assistência voluntária cristã não pode ser entendida como um hobby, uma atividade extracurricular, mas como uma resposta ao chamado: “… adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me” (Mateus 25,36).
Buscando atender a esse apelo e preencher essa lacuna social, a Central de Voluntariado da Comunidade Católica Abbá Pai, inaugurada há 13 anos (dois anos após a fundação da fraternidade), completou 15 mil horas de voluntariado em entidades assistenciais, com grupos de visita e trabalho semanal direcionados para a inclusão afetiva, a formação humana e espiritual dos assistidos, além de auxílio material e profissional. Consagrados, noviços e aspirantes do Carisma Abbá Pai são permanentes voluntários, contando com a participação de amigos e simpatizantes. São jovens, adultos e idosos que reservam um tempo mínimo de uma hora em sua rotina semanal, estudantil e profissional, para estar com deficientes físicos e mentais, idosos, hospitalizados e presidiários, em instituições governamentais e filantrópicas, lugares em muitos dos quais a carência estrutural é agravada pela solidão.
Perseverar em um serviço de voluntariado continuado requer desapego, humildade, comprometimento, disciplina e sincera generosidade, porque é uma “missão sem neon”, sem visibilidade, sem aplausos, mas que se reverte em sorrisos e abraços, pulverizando afetividade e esperança.