Em 2021, o Arcebispo Metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck, presidiu a celebração da Solenidade de Corpus Christi na Igreja Santíssimo Sacramento, em Itajaí, na tarde do dia 3 de junho. A missa foi concelebrada pelo pároco da Paróquia Santíssimo Sacramento, Pe. Eder Claudio Celva e o vigário paroquial, Pe. José Artulino Besen.
Em sua homilia, o arcebispo levantou alguns pontos de reflexão sobre a Eucaristia, a iniciar sobre a centralidade de Cristo na vida cristã que, apesar de óbvia, desafia o nosso modo de viver em comunidade e nos relacionar com Deus e uns com os outros. “Não existe vida cristã sem Cristo. Uma vida cristã inventada por nós não será vida cristã; será qualquer outra coisa. A vida cristã tem necessidade de ser vivida com a presença de Cristo. Não é possível que o cristianismo seja simplesmente uma ideia, uma coisa que alguém pensou e que vamos aprendendo. A vida cristã se vive no relacionamento com Cristo”, afirma Dom Wilson, completando que o próprio Cristo toma a iniciativa para esse encontro, capaz de transformar a nossa vida e o mundo inteiro. “Há uma forma que quero destacar hoje, que Cristo escolheu estar presente na nossa vida: no Santíssimo Sacramento. É na Eucaristia que Ele quer estar presente na nossa vida”.
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O segundo ponto abordado por Dom Wilson é encontrar-se com Jesus Eucarístico com o coração agradecido: “A própria palavra ‘Eucaristia’ exatamente significa ‘grande graça’, o grande agradecimento. Se quisermos viver a Eucaristia, devemos olhar para Deus e ver tudo que Ele fez por nós. […] Quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia, a missa, é esse agradecimento que deve brotar do nosso coração, do nosso canto, na nossa oração de forma coletiva. Mas se não temos nada para agradecer, se não percebemos, isso começa a se tornar uma coisa seca e, de repente, dizemos até que não tem sentido. […] Que hoje, nesta festa de Corpus Christi, você coloque para Cristo o seu “muito obrigado”, o seu agradecimento por tudo que você recebeu dele. Que não seja um encontro onde você não tenha nada para falar. A Eucaristia não é uma ideia, é algo que vai buscando atitudes no dia a dia, vai nos educando como ser e como viver”.
O arcebispo também destacou o sacrifício de Jesus que celebramos todas as vezes que participamos da missa, “que é a celebração do sacrifício de Cristo na cruz. Não é uma repetição, é o mesmo sacrifício tornado presente. […] Quando nós celebramos a missa é importante que, naquela missa, tenha um pouquinho dos nossos sacrifícios. Vamos colocar sobre a cruz de Cristo o sacrifício que nós também passamos, de incompreensões, de coisa que não conseguimos resolver, de relacionamentos difíceis… Vamos colocar isso também sobre a cruz de Cristo, porque Ele deu a vida por nós para conseguirmos ultrapassar isso. Quando nós estamos com Cristo é possível ultrapassar tudo isso. Então coloquemos um pouco da nossa vida. A missa não pode ser uma coisa automática, de nos jogarmos dentro de uma igreja e deixarmos acontecer. Não, temos que botar coisas do nosso coração, da nossa vida, e apresentar diante de Deus. Isso é algo que devemos aprender a fazer”, exorta.
De acordo com o arcebispo, é preciso também “fazer memória da vida de Cristo, porque Ele viveu por nós. E, ao fazer memória, que nós tenhamos o mesmo sentimento de Cristo para fazer aos outros”. O fato de Jesus ter se dado como nosso alimento na Eucaristia também recebeu atenção de Dom Wilson: “A Eucaristia certamente não vai matar a nossa fome física, mas mata a nossa fome de fé; nos alimenta para termos sempre bons sentimentos, nos alimenta na nossa capacidade de amar e fazer o bem. A presença de Cristo faz isso em nós. Quando nos alimentamos de Cristo, nós queremos nos alimentar desse modo de viver dele. Iremos ser iguais a Ele e queremos repetir esse modo de viver na nossa vida; nos nossos gestos, os seus gestos”.
Por fim, Dom Wilson fez menção à mobilização solidária promovida pela Ação Social Arquidiocesana para marcar o início da segunda fase da Campanha “É tempo de cuidar”, que visa ajudar as famílias em vulnerabilidade social agravada pela pandemia. A Paróquia do Santíssimo esteve entre as paróquias da Arquidiocese que receberam doações. Ao longo do corredor central da igreja, estavam as doações dos fiéis da paróquia, disponibilizadas ao lado dos tapetes feitos pela comunidade, em papel, desenhos e faixas.
“Aqui, este corredor me faz lembrar exatamente essa ideia: a caridade. É olharmos para o nosso lado de fazer o bem que Cristo veio fazer neste mundo sendo um homem, um ser humano? Veio para nos salvar, para o nosso bem. Meus irmãos, se há alguém sofrendo no nosso lado, alguém com necessidade, nós devemos ser como Cristo: olhar por ele, fazer alguma coisa por ele, fazer o que nós podemos e aquilo que nós somos e temos. Posso dar minha amizade. Eu posso dar o meu tempo. Eu posso dar aquilo que eu tenho, de comida a roupa. Mas eu posso também fazer com que ele se sinta acolhido por alguém”, ensina.
Dom Wilson também alertou sobre a necessidade de tantas pessoas que sofrem pelas consequências da pandemia: “Nesse tempo de pandemia nós temos tantos necessitados. Comecemos por todas aquelas famílias que tiveram um membro que morreu. Precisam da nossa atenção. Lembremos daqueles que têm um membro da família doente, seja por Covid-19, seja por outra doença. Sim são aqueles que precisam da nossa atenção, e às vezes precisam também do nosso socorro material. Há pessoas que não se viram na vida e precisam do nosso auxílio constante. Que tenhamos essa disposição. Que nunca nos conformemos de dizer: “ah não, tem tanta gente que dá. Eu não preciso dar”. É importante o seu desprendimento, a sua doação. Não olhe se tem muita gente que dá. A sua doação é importante! Que isso seja um costume porque essa é uma prática cristã, de olhar para o outro, de se organizar, de procurar como servir o outro e não deixar para uma meia dúzia que cuida de tudo. Que isso seja de fato uma ocupação e preocupação de todos da comunidade. Isso faz parte da vida cristã.”
Ao final da celebração, houve a bênção do Santíssimo Sacramento com procissão pelo interior da igreja em direção à parte externa, onde houve um novo momento de adoração. Por fim, o Santíssimo saiu em carreata por Itajaí.