O caminho sinodal, que durará dois anos – de outubro de 2021 até outubro de 2023, com a realização do Sínodo dos Bispos –, pretende colocar a Igreja num caminho de discernimento, de modo a fazer que cada fiel reflita sobre o seu próprio ser Igreja, a fim de se chegar, juntos, à imagem da Igreja mais próxima do sonho de Deus: Igreja-comunhão.
Objetivos do Sínodo
Com São João Crisóstomo (347-407) aprendemos que a Igreja é sínodo (sín+ódos=caminho comum), que em sua essência a Igreja é comunhão e caminhada. O papa Francisco quer que a Igreja viva um processo participativo e inclusivo, não deixando ninguém de fora, para reconhecer e apreciar a riqueza e variedade de dons e carismas dados pelo Espírito Santo a todos os fiéis no decorrer da história. É hora de examinar como são vividos a responsabilidade e o poder, é hora de experimentar formas mais participativas de exercer a autoridade, é hora de escutar todos os membros do povo de Deus, seja os atuantes seja os afastados.
Em vista de uma Igreja Sinodal
No primeiro milênio do cristianismo prevaleceu a imagem da Igreja como comunhão hierárquica, que se reúne ao redor de seus pastores, os quais, unidos entre si, garantem a grande unidade do Corpo de Cristo na rica variedade de expressões culturais. No segundo milênio prevaleceu a concepção da Igreja como sociedade visível, organizada a partir de quadros e regimes jurídicos bem estabelecidos, regidos pela monarquia papal. A ideia do papa Francisco é que neste terceiro milênio, que estamos a iniciar, seja o conceito de sinodalidade a conduzir-nos no caminho da fé: todos somos responsáveis por tudo e por todos; daí, a necessidade de um discernimento conjunto a respeito de todos os temas e todas as decisões, para chegarmos ao rosto de uma Igreja verdadeiramente sinodal.
Disposição para a escuta
Para chegarmos a descobrir o rosto e a forma sinodal da Igreja, é preciso pôr-se à escuta, com o objetivo de aprender. Diz o papa Francisco: “Cada um tem algo a aprender. O povo fiel, o colégio episcopal (os bispos), o bispo de Roma (o papa): cada um à escuta dos outros, e todos à escuta do Espírito Santo, para conhecer aquilo que ele diz à Igreja”. Para descobrir como a comunhão, que compõe na unidade a variedade dos dons, carismas e ministérios, tem em vista a missão.
Por Pe. Vitor Galdino Feller
Vigário Geral da Arquidiocese de Florianópolis
Artigo publicado na edição de agosto de 2021 do Jornal da Arquidiocese, página 5.