A vida cristã é constituída de algumas atitudes que são adquiridas e que se tornam sinal de identificação. Os sinais são sempre os mesmos, perpassam os tempos. Mudam apenas a roupagem durante a história. É normal que o desenvolvimento destas atitudes esteja no centro de todo esforço catequético. Aprender estas atitudes implica em fazer um caminho de iniciação, é a pedagogia cristã.
No documento “Início do Novo Milênio” (NMI), o Papa João Paulo II elencava sete prioridades pastorais: a) a santidade; b) oração; c) Eucaristia dominical; d) Sacramento da Reconciliação; e) primado da graça; f) escuta da Palavra de Deus; g) anúncio da Palavra. O Pontífice insiste que antes de propor atitudes concretas é preciso promover uma espiritualidade de comunhão elevando-a em nível de princípio educativo (cf. NMI 42).
O grande desafio é desenvolver essas marcas em nossa vida quando se vive em uma realidade adversa. O mundo atual é marcado por um pluralismo cultural, religioso e ético que se caracteriza pelo indiferentismo, relativismo, irenismo e sincretismo. Neste ambiente parece que alguns cristãos se acostumaram com um cristianismo sem referência real a Cristo e à sua Igreja. Tendem a reduzir o projeto pastoral a temáticas sociais acolhidas em uma perspectiva meramente antropológica. A atividade pastoral torna-se um apelo genérico ao pacifismo, ao universalismo e uma referência não bem especificada a “valores”.
A caminhada cristã leva também a identificar alguns perigos e a tirar algumas conclusões. Uma delas é que o vento da secularização torna árido o terreno em que se semeou, não raro, com muito esforço. Experimenta-se também que a cultura secularizada faz nascer desalentos que podem levar ao isolamento e, às vezes, a um deprimente fanatismo. Outras ameaças que devem ser vencidas são as tendências à burocratização, ao funcionalismo, ao democratismo ou a buscar um planejamento mais empresarial do que pastoral.
Convém lembrar ainda que uma das atividades do pastor é a formação da consciência dos fiéis. São instrumentos privilegiados para este objetivo o Sacramento da Reconciliação e o acompanhamento espiritual. O perdão dos pecados é obra de Deus. Aprender a perdoar e pedir perdão são duas atitudes fundamentais na vida do cristão.
Por: Dom Wilson Tadeu Jönck, Arcebispo de Florianópolis