O Batismo, a Confirmação e a Eucaristia são os Sacramentos iniciais da vida cristã, “a base da vocação comum de todos os discípulos de Cristo, vocação à santidade e à missão de evangelizar o mundo”, explica o Catecismo da Igreja Católica.
Em agosto, mês em que a Igreja reflete sobre as vocações, Cláudia Maria Zancanaro compreende bem as palavras do catecismo. Coordenadora paroquial da catequese da Paróquia de São João Batista (SC), e há cerca de dez anos nesta missão, ela explica que o Batismo é a porta de entrada da fé cristã, recebida pelos pais e padrinhos. “É o primeiro dom que Deus nos dá a oportunidade de salvação”, comenta. Cláudia diz que em seguida, a comunidade se envolve novamente com a catequese, pela Eucaristia. “Ao receber este Sacramento, as crianças têm a consciência do que é o Corpo e o Sangue de Cristo. Por fim, a partir da Crisma, os jovens se tornam cristãos maduros na fé”, conclui Cláudia, que também é Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão, juntamente com o esposo Celso.
Os leigos, como o casal Zancanaro, de São João Batista, são enviados para se comprometerem na sociedade, para que o Reino de Deus possa crescer no mundo. Segundo o Catecismo Jovem, o Youtcat, “o leigo empenha-se para que as pessoas do seu meio (escola, faculdade, família e profissão) aprendam a conhecer e a amar Cristo”. Na carta aos consagrados e às consagradas, Papa Francisco ressalta o papel desses fiéis, “que, com os consagrados, partilham ideais, espírito e missão”.
Vida sacerdotal e religiosa
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, os Sacramentos da Ordem e do Matrimônio, estão ordenados à salvação de outrem. “Conferem uma missão particular na Igreja”. No mês das vocações, Gabriel Blanger, 15 anos, é outro exemplo de quem busca aprofundar o conhecimento de sua vocação. Em fevereiro deste ano, os pais o levaram de Itajaí para o Seminário Menor Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes, em Azambuja, Brusque. Como o pai, Juarez Blanger, é diácono na Paróquia São Vicente de Paulo, em Itajaí, Gabriel foi muito atuante na Igreja. Conta que pensava como é que vive um padre e se imaginava no lugar dele, no presbitério. Sempre teve o desejo pela vocação sacerdotal. Após uma conversa com os pais, tomou a decisão. “Vejo que é um tempo propício de formação. Mesmo com algumas dificuldades, é para meu crescimento e amadurecimento espiritual. Período ótimo de estudo, oração, trabalho, liturgia e conhecimento do que a Igreja oferece para a boa formação dos futuros padres”, afirma o mais jovem seminarista da Arquidiocese.
A graça de Deus envolveu o casal Cláudia e Celso, atraiu o estudante Gabriel e como cita no Youcat, ela vem ao encontro do ser humano, procura-o e o apoia em toda liberdade. “A graça não força. O amor de Deus quer o nosso livre consentimento”. Vocação é graça, é dom, é a identidade mais profunda do ser humano.
E assim, com um sim livre e total a Deus, Marilis Moresco, hoje, Irmã Marilis, ofertou toda sua vida. Nascida no dia 21 de dezembro de 1982, em Biguaçu, é a filha caçula de sete irmãos do casal Domingos e Helena Moresco. Uma família católica que a educou com valores cristãos.
Ela sonhava em casar e ser mãe. Como os caminhos de Deus são diferentes, na preparação para a Crisma, Irmã Marilis participou de um encontro para os crismandos na Igreja Matriz de Biguaçu. Tudo mudou. “O que até então nunca havia pensado começou a inquietar meu coração. Ser religiosa, seguir Jesus, entregar minha vida a Ele para servi-lo nas pessoas”, afirma. Isto porque, naquele dia, as Irmãs Carmelitas do Divino Coração de Jesus, de Palhoça, estavam presentes. Ao ver as irmãs, percebeu que “o coração ardia e se encantava com a alegria delas. Deus me chamava para ser uma carmelita também. Aproximei-me de uma das religiosas e disse que desejaria ser como ela”, observou.
Tinha namorado, gostava do Figueirense (risos), mas dias depois foi conhecer a casa das irmãs. Iniciou uma caminhada vocacional de um ano e seis meses até que entrou para o Carmelo, no dia 19 de março de 2000. E no ano de 2011 fez os votos perpétuos. Ser mãe para os que não têm mãe, como pedia a fundadora, e poder viver em uma vida de profunda oração unida ao apostolado, que é o carisma da Congregação. “Sou muito feliz e grata a Deus pela vocação que me chamou, por poder realizar a sua vontade, em servi-lo, exercendo minha maternidade sendo mãe daqueles que o Senhor coloca em minha vida, principalmente apresentando esses filhos diariamente nas mãos do Senhor”, declara Irmã Marilis.
Para viver intensamente o Ano da Vida Consagrada, o Papa traçou três objetivos: “olhar para o passado com gratidão, viver o presente com paixão e abraçar o futuro com esperança”. Assim vive Irmã Marilis, na alegria de uma vida ofertada sem volta.
E sobre o matrimônio?
Mais uma vez, Cláudia, casada há 29 anos com Celso Zancanaro, dá a dica. Ela explica que, como família, é preciso mostrar um bom exemplo, pois primeiramente quem vê e sabe tudo é Deus. Mostrar através de atitudes. “Quando escolhemos o matrimônio, recebemos o dom de ser pais e mães, não vivemos mais sozinhos. É como a própria Palavra diz, somos uma só carne. A partir do momento que casamos somos três, ou seja, deixamos Deus agir, temos tudo. Claro que há discussões, mas sempre o Divino age dentro do casamento, onde um não dorme de costas para o outro. Aí há respeito e cumplicidade”, enfatiza Cláudia.
Vale lembrar que em outubro acontecerá o Sínodo Ordinário da Família. Terá como tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. E no Brasil, de 09 a 15 de agosto, celebra-se a Semana Nacional da Família. São momentos específicos onde a vocação ao matrimônio será debatida, e nos quais haverá muita oração pelas famílias.