Santa Teresinha, padroeira das missões, nunca saiu do Carmelo, mas tinha um autêntico espírito missionário. Viveu, como ninguém, uma vida de missão, através da intercessão pela humanidade.
No Jornal da Arquidiocese deste mês, você vive agora uma experiência incrível. A exemplo de Santa Teresinha, não precisa sair do local que você está lendo esta edição para embarcar em uma viagem a distantes e emocionantes lugares deste mundo. O destino final será o Vaticano, com o Papa Francisco. Mas o primeiro percurso é o seu coração, local onde estão a coragem e determinação, acessórios que precisam estar na mala para quem deseja viver esta aventura. Quer partir em missão? Então venha!
No mês missionário, todos os católicos são convidados a intensificar as iniciativas que se referem à animação e cooperação missionárias. Com o tema “missão é servir”, a campanha missionária 2015 faz o apelo de vencer a tentação do prestígio e do poder e se coloca a serviço, principalmente dos mais necessitados.
Em todas as 70 paróquias da Arquidiocese de Florianópolis são promovidas atividades missionárias. Um exemplo é a Paróquia São Francisco de Assis, no Aririú, em Palhoça. De 25 a 31 de outubro acontecem as “Missões Populares”, que este ano vai se concentrar na Comunidade Santa Catarina, bairro Guarda do Cubatão.
O coordenador das missões, José Carlos de Campos, explica que toda noite haverá celebração em alguma residência da Comunidade e no sábado à tarde um mutirão de visitas. A previsão é de mais de 100 missionários para, muitas vezes, servirem as pessoas visitadas apenas na escuta e oração. “As pessoas que visitamos têm um desejo muito grande de falarem, de desabafar. O missionário mais ouve. É gratificante ver a alegria delas, principalmente quando é um idoso ou doente”, destacou José Carlos.
Das casas da Guarda do Cubatão, em Palhoça, para os rios da Diocese de Macapá. O próximo destino da missão que você navega é Macapá, 11 horas de viagem, 7.600 km até o Estado do Amapá. Foi para lá que no dia 07 de fevereiro deste ano embarcou o Pe. José Jacob Archer.
“O primeiro convite quem me fez foi nosso Mestre, Jesus Cristo, ‘Ide por todo o mundo’ (Mt 28). É um apelo forte do Papa Francisco e da Igreja no Brasil que se atenda melhor a Amazônia”, explica o sacerdote da Arquidiocese. Ele conta ainda que em janeiro de 2014, a caminho de Juazeiro do Norte, o Bispo de Macapá, Dom Pedro Conti, fez a pergunta: “Não tem nenhum padre do sul que quer nos ajudar na Diocese de Macapá?”. “Padre Josemar e Pe. Valdir Prim apontaram para mim. Aquele barbicha quer ir. Eu prontamente me coloquei à disposição, pois minha intenção, iluminado pelo Espírito Santo, realmente era ir trabalhar na Amazônia, depois de 14 anos nas dioceses da Bahia”, disse.
Na Páscoa, ele assumiu como pároco da Paróquia Divino Espírito Santo, formada pelos municípios de Amapá e Calçoene. Uma área de 21 mil quilômetros quadrados com uma população simples, de 20 mil habitantes. O padre aqui de Santa Catarina conta com a ajuda de um seminarista e de religiosas. A maior dificuldade é a distância. Tem comunidade que só se vai de barco, em uma viagem de 14 horas. Outras de carro, mas há 170 km, já na divisa com o Oiapoque.
Padre Jacob conta que a maior alegria é poder estar no meio do povo que tem muita fé e é bastante acolhedor. Com o lema sacerdotal “Comigo está o Senhor, nada temo”, ele relata que “isso me ajuda a seguir em frente nesta sublime missão, com entusiasmo e sem desânimo. O povo de Florianópolis pode nos ajudar com suas orações e quem sabe, até financeiramente, para podermos atender melhor nas pastorais. Uma visita aqui em Amapá é importante. Deus nos dá muita força de continuar na missão. Agradeço a Dom Wilson por permitir que eu viesse para cá”.
A missão agora parte de Brusque para o Haiti
Natural de Canhotinho, Pernambuco, Irmã Maria Eugenia da Silva, 53, do Instituto das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, já atuou em vários locais da Arquidiocese de Florianópolis. Até 2011 trabalhou no Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux, em Brusque. Missão que compreendia também o Santuário de Azambuja e o Seminário. “Recordo-me com muita saudade e gratidão, pois aliada à missão da enfermagem, tive a graça de fazer parte do Serviço de Animação Vocacional e da equipe de coordenação da Pastoral Vocacional da Paróquia do Santuário”, lembra a religiosa.
Irmã Maria Eugenia trabalhou ainda no Hospital São Francisco de Assis, em Santo Amaro da Imperatriz, e destaca que “foram tempos de crescimento humano, espiritual e vocacional”. Até que em fevereiro de 2014 embarcou para uma viagem de mais de nove horas até o Haiti, sua nova terra de missão.
Lá ela trabalha em conjunto com os freis franciscanos que mantém um centro de atendimento médico, acompanhamento gestacional, nutricional e odontológico. No período da manhã “atuo como apóstola enfermeira e à tarde, auxilio nos projetos desenvolvidos pela minha comunidade religiosa na missão escolar”.
Um dos grandes desafios que fazem o coração da Irmã sofrer é diariamente soar aos ouvidos a palavra “grangou” (fome), proveniente dos “corações feridos pela miséria de uma pobreza extrema, falta tudo. Causa impacto ver que após cinco anos da ocorrência do terremoto, milhares ainda vivem em acampamentos improvisados e em condições insalubres. A Encíclica Laudato Si do Papa nos dá o panorama real da situação no Haiti”.
A religiosa afirma que a missão não se reduz em um espaço geográfico e sabe que no Brasil também existem muitos desafios. Mas que “a vida é uma missão e vale a pena deixar tudo para seguir e servir a Cristo na pessoa dos irmãos, principalmente, os que mais sofrem. Jovem, se você sentir no coração a voz do Mestre: ‘vem e segue-me’, não tenhas medo de responder ‘sim’, tem muita gente esperando por você”.
A viagem prossegue: Bahia – Florianópolis – África
Ele tem 30 anos, é natural de Muquém de São Francisco (BA) e foi lá que conheceu a Comunidade Divino Oleiro, no ano de 2008. Valter Rocha Brandão veio morar em Florianópolis em 2009, consagrou-se na Comunidade em 2012 e neste mesmo ano partiu em missão para a África.
No Continente Africano, ele trabalhou com a evangelização, catequese, grupo de jovens e ainda serviu em escolas e hospitais. Valter conta que é uma alegria anunciar pela primeira vez o Evangelho para pessoas que nunca ouviram falar.
Além da inconstância política que dificulta o trabalho, outro desafio “é fazer com que os africanos deixem suas culturas antigas, religiões pagãs e abracem o novo que é Jesus Cristo”, explica.
O jovem missionário afirma ainda que, durante os três anos na África, aprendeu “em meio a tantas dificuldades, as pessoas vivem felizes com pouco”.
Valter retornou para a Arquidiocese no dia 15 de setembro e está em missão no Centro de Evangelização Angelino Rosa (CEAR), em Governador Celso Ramos.
Do mundo para o coração da Igreja – Vaticano
Finalmente, a sua volta por tantas terras chega ao destino final: o Vaticano, local onde reside o Papa Francisco. Um autêntico missionário que tem percorrido o mundo para anunciar a Boa Nova do Reino de Deus, com ousadia, coragem e muita alegria.
Do Vaticano, o Papa enviou a mensagem para o Dia Mundial das Missões 2015 que tem como pano de fundo, o Ano da Vida Consagrada. No texto, ele reflete sobre o seguimento de Jesus como uma resposta à pegar a cruz e imitar a dedicação ao Pai, os gestos de serviço e amor, perder a vida a fim de a reencontrar. “E, dado que toda a vida de Cristo tem caráter missionário, os homens e mulheres que o seguem mais de perto assumem plenamente este mesmo caráter”, contextualiza.
Nessa mensagem, o Sumo Pontífice explica que quem segue Cristo não pode deixar de se tornar missionário. Ao citar a Encíclica Evangelli Gaudium, enfatiza que Jesus “caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária” (EG, 266). E prossegue com convicção, pois “a missão é uma paixão por Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, uma paixão pelas pessoas”.
Pergunte aos missionários da Guarda do Cubatão, em Palhoça, ou aos demais visitadores das casas no mês missionário, ao Pe. Jacob, à Irmã Maria Eugenia e ao jovem Valter, se a missão realmente não apaixona. A resposta será sim, isto porque, como afirmou o Papa, a missão é um amor a Jesus e, consequentemente, às pessoas. Um amor que também moveu o coração missionário de Santa Teresinha.
Matéria publicada no Jornal da Arquidiocese de outubro de 2015, páginas centrais, 06 e 07.