O que fazemos com nossa casa comum?

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O que fazemos com nossa casa comum?

Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 convida ao debate sobre responsabilidade com o meio-ambiente

cartaz_cfe_2016_oficial_pkPela quarta vez, representantes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) se unem para mais uma Campanha da Fraternidade Ecumênica. Este ano tem como objetivo geral “assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum”, esclarece o texto-base lançado pelo CONIC.

A Campanha da Fraternidade é uma iniciativa dos bispos do Brasil e acontece nacionalmente desde 1964. “O tema do saneamento básico e o cuidado amplo com o meio-ambiente, de modo sustentável, foi escolhido pela Assembleia do CONIC há dois anos. Nesse período tivemos a feliz atitude do Papa Francisco em lançar a Encíclica Laudato Si, que aborda questões ecológicas”, comenta o Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck.

“A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doenças que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos”, aponta Francisco na encíclica. O texto da carta do Papa relaciona-se com o que está sendo proposto na campanha deste ano, que traz como tema “Casa comum, nossa responsabilidade” e lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não secou” (Am 5,24).

Ponto de destaque

Dom Wilson observa que “é necessário tomarmos uma atitude diferenciada do que fizemos até agora, tanto a população, como as autoridades. Devemos criar uma mentalidade sobre a condução correta do lixo, a importância da água potável em toda parte, e que também tenham esgotos na área urbana”.

Manejo do lixo, água potável e saneamento básico são palavras-chaves na discussão deste ano da CFE. Estima-se que no mundo, cerca de um bilhão de pessoas faz suas necessidades a céu aberto e, só na América Latina, aproximadamente 120 milhões não têm acesso a banheiros. Se falarmos em lixo, o Brasil gera cerca de 150.000 toneladas diárias de resíduos sólidos e as 13 maiores cidades do país são responsáveis por 31,9% de todos os resíduos sólidos no ambiente urbano brasileiro (os dados completos e referências estão no texto-base da CFE 2016, Edições CNBB).

Por conta de números como esses – e outros ainda mais graves – é que se fala em saneamento. No Brasil, esse é um direito assegurado pela Constituição e definido como o conjunto dos serviços, infraestrutura, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.

A coordenadora da Campanha da Fraternidade em Santa Catarina, Adelir Raupp, aponta a inevitabilidade da ação: “Assumir ações concretas diante da urgência do tema é tarefa desafiadora e que exige iniciativas individuais e necessárias para que as mudanças aconteçam. Cada um de nós é Igreja. É a partir daí que somos chamados à realização de gestos concretos, não porque a Igreja vá determiná-los, mas ela nos interpela a esta realidade”.

Como ajudar?

cartaz_cfe_2016_oficial_pkViver a campanha da fraternidadeNesse período se fortalecem os espaços de diálogo e o trabalho conjunto em favor do bem comum;  ic_cuidado aguaEducar para a sustentabilidadeInsista sempre em boas práticas como: ao escovar os dentes, não deixe a água correndo, feche a torneira; apague as luzes nos cômodos vazios; separe o lixo de acordo com o que está sendo descartado; mantenha o quintal limpo; entre tantas outras
ic_esgotoConhecer a realidade onde se viveLembre-se: o saneamento básico envolve o poder público, mas também cada individuo em particular. É importante que se verifique – a partir da sua casa e estendendo-se a toda a cidade – como ter hábitos e práticas mais sustentáveis com a água e o lixo. ic_encontrosParticipar das reflexões sobre saneamento básicoPesquise se há conselhos na sua cidade que discutam o tema. Proponha debates em ambientes públicos e ajude a encontrar soluções viáveis.

INICIATIVAS

Este ano, a Paróquia Sagrados Corações, de Barreiros, São José, começou um novo projeto no Morro Solemar. Vendo a necessidade dos moradores da região e buscando uma alternativa para o aumento de renda, a Paróquia começou a articular um programa de arrecadação de latas de alumínio, garrafas pet e papelão. “Estamos apenas no início, poucas pessoas por enquanto fazem parte, mas desejamos ampliar com o tempo”, comenta o Diácono Osmar Matucheski, um dos encarregados da iniciativa.

A ideia surgiu do pároco Pe. Alceoni Berkenbrock. “Ele conversou com a gente e fizemos uma movimentação para começar esse trabalho”, esclarece o diácono. “Escolhemos o morro porque é uma região mais carente, e eles também viam a questão do lixo que não era organizado, mas deixado na rua. Assim, articulamos uma forma de organizar isso e conseguir recursos”, pontua.

coletor pilhasOutra atividade com lixo reciclável acontece na igreja vizinha, a Paróquia São Judas Tadeu, também no bairro Barreiros, em São José. “Em nossa paróquia realizamos a coleta de alguns materiais recicláveis: pilhas, baterias, celulares, óleo vegetal usado, papel, plástico, vidro e metal para reciclagem”, esclarece a secretária paroquial, Cláudia Martins.

A proposta garante que o material coletado seja destinado a um local que não causará danos ao meio ambiente e, ainda, gera uma consciência de sustentabilidade. “A comunidade é convidada a deixá-los nos recipientes na entrada da igreja e no salão paroquial ou, em horário comercial, na secretaria paroquial”, conclui.

OPORTUNIDADES

O lixo reciclável

Fundada em 1999, a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis (ACMR) trabalha com a separação do lixo, em vista do comércio com empresas especializadas em reutilização de recicláveis.

acmr - florianópolisLocalizada no bairro Itacorubi, em Florianópolis, a ACMR abriga 70 associados que tiram dali seu sustento. “Uma empresa terceirizada traz o lixo reciclável para cá – cerca de 500 toneladas/mês (60% do que é coletado na capital) – e então os coletores fazem uma triagem, individualmente, ganhando por aquilo que separam”, explica o presidente da ACMR, Volmir Rodrigues dos Santos.

Na sede da Associação pode ser levado todo tipo de resíduo reciclável. Atualmente, são separados cerca de 70 tipos diferentes de material para ser comercializado. Porém, Volmir aponta uma problemática: “Apesar de recebermos aqui o que já é previamente separado, cerca de 25% acaba sendo descartado e virando rejeito, pois o reciclado vem com mistura de lixo orgânico e inviabiliza a separação”, expõe.

O presidente da ACMR revela que a captação de lixo reciclável poderia ser maior se as pessoas, nas residências, tomassem mais consciência da importância da separação. “Claro que já melhorou muito desde 1999 quando começamos o trabalho, mas ainda muita gente pensa que não vale a pena separar apenas uma garrafa pet ou uma latinha de alumínio e acaba jogando isso em meio ao lixo orgânico. A questão é que se todo mundo pensar assim, acaba que muito lixo reciclável se perde e poderia ser recuperado”.

Em Florianópolis existem três associações que fazem coleta e separação de lixo, o que, além de dar um destino correto aos resíduos, também gera renda e auxilia famílias necessitadas. “Se cada um fizer seu pouquinho, vai ajudar bastante”, conclui Volmir.

Saiba Mais:

ACMR – Associação de Coletores de Materiais Recicláveis
Endereço: Rod. Admar Gonzaga, 72
Itacorubi, Florianópolis – SC
Telefone:(48) 3024-5591

O óleo de cozinha

REÓLEO | Processo de coleta da Ambiental Santos
REÓLEO | Processo de coleta da Ambiental Santos – Cred.: Michele Monteiro

A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), por meio da Câmara da Mulher Empresária, implantou o ReÓleo, um programa de coleta e reciclagem do óleo de cozinha. Desde 1998, o programa já evitou o descarte inadequado de mais de três milhões de litros de óleo de cozinha usado, deixando de emitir mais de 35 mil toneladas de CO2 no meio ambiente.

Entre os principais efeitos danosos do óleo vegetal descartado inadequadamente no meio ambiente, está a formação de uma película superficial que dificulta a troca gasosa entre o ar e a água, o que provoca a morte de plantas e animais aquáticos, além da impermeabilização das raízes das plantas impedindo a absorção de nutrientes por elas.

Atualmente, o Programa ReÓleo envolve mais de 1.300 estabelecimentos da região, além de mais de 250 Pontos de Entrega Voluntários (PEVs) – entre eles: escolas, postos de gasolina, supermercados e a coleta em condomínios residenciais. Mensalmente, são coletados cerca de 30 mil litros de óleo.

Saiba Mais:

Programa ReÓleo
Endereço: Rua Emilio Blum, 121
Centro, Florianópolis – SC
E-mail: [email protected]
Telefone: (48) 3084-9458

Com informações da Assessoria de Comunicação da ACIF

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