Palavra do Arcebispo: Quem é Jesus?

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Palavra do Arcebispo: Quem é Jesus?

A pergunta “quem sou eu”, feita por Jesus, é respondida por três diferentes grupos que podem ser reconhecidos em todos os tempos. O primeiro grupo é a multidão que ouvia Jesus ocasionalmente, são anônimos. O segundo grupo costumava escutar Jesus com certa frequência, alguns são nomeados pelo evangelho, são os discípulos. O terceiro grupo são os apóstolos, têm nome e acompanham Jesus por toda parte.

A multidão é um grande aglomerado, nela, os indivíduos não são reconhecidos. São curiosos que que buscam uma novidade, apresentam-se de forma desorganizada, confusa, costumavam falar ao mesmo tempo. Não tinham intenção de seguir Jesus, mas guardavam algumas palavras, se admiravam de certos ensinamentos. Propagavam de certo modo a mensagem de Jesus de forma bastante superficial. Comentavam o seu aspecto externo, a sua roupa, o seu modo de falar. Tinham uma certa visão de quem era Jesus.

Os discípulos escutavam a Jesus com maior frequência. Procuravam acompanhar a Jesus e eram atraídos pelo seu ensinamento. A escuta da palavra de Jesus havia mudado a vida deles. Os Evangelhos falam de algumas mulheres, algumas autoridades, inclusive chefes romanos, alguns estudiosos como Nicodemos e José de Arimatéia. Estes se deixaram tocar profundamente pela mensagem de Jesus e elaboraram os seus ensinamentos. Podemos dizer que foram propagadores do Evangelho de Jesus. Viam Jesus como alguém vindo de Deus e que comunicava um caminho de vida.

Já com os apóstolos o procedimento foi bem diferente. Ele os chama, um por um, pelo nome e dirige-lhes um chamado para segui-lo. Eles seguiam Jesus nas suas andanças, Jesus dedicava-se a ensinar-lhes a sua mensagem de salvação. Os apóstolos são preparados para continuar a sua obra de instaurar o Reino de Deus. Diante da sua morte vergonhosa na cruz ficaram desorientados, mas depois da ressurreição são transformados por ação do Espírito Santo e dedicam as suas vidas para divulgar o Evangelho do Mestre. Para eles, Jesus é o Cristo filho do Deus vivo.

Estes três grupos podem ser encontrados ao longo da história da Igreja, também nos dias de hoje. Jesus continua chamando pessoas para testemunhar o seu ensinamento, para fazer chegar a salvação a todos os seres humanos. Tal como aos discípulos e aos apóstolos somos chamados a ser instrumentos para tornar Cristo presente na sociedade. Tal como Jesus somos chamados a nos dirigir às multidões e dizer, com a vida e com palavras, que Deus ama a todos, que Deus quer fazer-se presente na história de cada um.

Estamos vivendo um ano vocacional. Somos convocados para fazer acontecer gestos de sinodalidade. Que abramos o nosso coração para acolher todas as realidades presentes na multidão onde
estamos inseridos.

Por Dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ

Artigo publicado na edição 302, de julho de 2023, do Jornal da Arquidiocese, página 2.

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