Palavra do Arcebispo: Natal na literatura

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Palavra do Arcebispo: Natal na literatura

A celebração do Natal está largamente presente na literatura do ocidente cristão. Vamos acompanhar como o Natal esteve presente na vida de São Francisco e de três famosos escritores.

Paul Claudel

Teve uma formação cristã como criança. Mas tudo terminou no dia da primeira comunhão. Declarava-se ateu e vivia a convicção de que tudo estava submetido às leis da física e que o mundo era um rígido encadeamento de efeitos que a ciência logo explicaria.
Aos 18 anos, procurava uma inspiração para escrever uma matéria de conteúdo filosófico. Com este propósito entrou na Catedral de Notre Dame, em Paris, no dia de Natal de 1886. Celebravam-se as vésperas da solenidade quando aconteceu o grande momento da sua vida. Assim ele narra como ocorreu a sua conversão. Executava-se o canto do Magnificat, e se produziu em mim o acontecimento que dominou toda a minha vida. Em um instante meu coração foi tocado e acreditei. Acreditei com tal força, com adesão de todo o meu ser, com tão poderosa convicção, com tal certeza, que não havia lugar para qualquer dúvida.

São Francisco de Assis

O Natal sempre ocupou um lugar central na vida de São Francisco. Foi ele que montou o primeiro presépio, em Greccio no Natal de 1223. Queria que o Natal fosse celebrado com alegria e generosidade com os pobres e com todos os animais. Une, com singular intuição, o mistério da encarnação, na humildade e pobreza, com a Eucaristia. Quer criar um ambiente sugestivo para o encontro real com Jesus na Eucaristia. Vê o altar como o presépio. Seu desejo era fazer nascer Jesus menino e as suas virtudes nos corações de todos. Mais importante do que ter inventado o presépio São Francisco mostrou, sobretudo, com que sentimentos devemos nos acercar de Jesus menino.

Machado de Assis

Escreveu em 1872 o conto “Missa do Galo”. Aproveita o costume de se celebrar a missa de Natal à meia noite. O personagem vai à missa e repassa as preocupações da sua vida. Reflete sobre o sentido da vida, da morte, sobre a espiritualidade. Durante a celebração renasce um sentimento de esperança. Sai da igreja com a intenção de mudar de vida. O galo é símbolo do acordar para uma vida nova. E acontece com a celebração do nascimento de Jesus

Charles Dickens

Há quem diga que foi este escritor inglês que inventou o Natal cheio de luzes como o conhecemos. E aconteceu em um tempo de pobreza e depressão assombrosa. Em 1843 escreveu o panfleto “Um conto de Natal” contra os maus tratos do trabalho infantil. Descreve o Natal como árvore faustosamente decorada, com doces, ponche e peru assado. Marca assim a mágica transformação de sentimentos mesquinhos em atitudes generosas e altruístas. Criou o imaginário do Natal como é explorado hoje.

Por Dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ

Artigo publicado na edição 307, de dezembro de 2023, do Jornal da Arquidiocese, página 2.

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