Palavra do Arcebispo: Relações

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Palavra do Arcebispo: Relações

As “Diretrizes da Evangelização na Igreja do Brasil” fazem lembrar que o estabelecer e cultivar relações está no centro de toda atividade pastoral. A necessidade de relacionar-se brota do seio da Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo vivem um relacionamento perfeito e permanente. O ser humano foi criado para participar desta comunidade de amor. Por outro lado, o ser humano é chamado a ser sinal e construtor de relações.

O nosso Deus é um Deus que se relaciona, busca sempre o relacionamento com o ser humano. Já no paraíso, depois que o primeiro casal havia pecado, Deus vai em busca de Adão e Eva. Eles haviam se escondido. Este cenário se repete pela história da humanidade. O homem que foge, se afasta, e Deus que vai ao seu encontro. O clímax desta história acontece na encarnação. Deus se torna um ser humano para estar presente na vida dos homens.

Esta, talvez, seja a principal diferença do nosso Deus para com os outros deuses, os ídolos. Estes se apresentam sempre distantes e indiferentes com a situação dos seres humanos. Quando muito, se manifestam para cobrar e castigar. Parecem meio malvados. Despertam o terror. O nosso Deus está no meio de nós, caminha conosco.

A atividade pastoral, por sua vez, busca sempre criar ou avivar relações. Primeiramente, com Deus, cada celebração, todo momento de oração, todas as vezes que abrimos os ouvidos para escutar a Palavra de Deus, estamos nos relacionando com Deus. Mas as atividades pastorais levam a criar e aprofundar, também, relações com os irmãos que vivem ao nosso lado. Para que haja relacionamento, é preciso que o outro esteja presente, tanto no pensamento como na ação. Quando se fala da Igreja em saída, estamos falando, sobretudo, de estabelecer relações.

Hoje se fala de implantar na Igreja um espírito sinodal. Sinodalidade é caminhar juntos. A atividade apostólica é recorrentemente um aprofundar relações já existentes, por exemplo, na família, nas comunidades organizadas. Mas há tantas realidades com as quais nos relacionamos mal ou não nos relacionamos. Podem ser os prisioneiros, os pobres, os ignorantes, grupos dominados pela violência… Há tantas relações que devem ser iniciadas. Deus que está presente na vida de cada um, na história de cada grupo ou comunidade. E nós, Igreja, somos chamados a ser sinais e presença do Amor de Deus. Como se vê, a atividade pastoral é, antes de tudo, estabelecer relações com Deus e com os irmãos.

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