O fato de a CF-21 ser ecumênica oferece a oportunidade para discorrer sobre alguns aspectos do ecumenismo.
A multiplicação de Igrejas cristãs e que caminham em rumos diferente dão a impressão de que Cristo está dividido. Tal divisão contradiz o que Cristo deseja, a unidade. Torna-se, mesmo, um escândalo. Esta situação apresenta, também, dificuldades para cumprir o mandato evangélico de pregar a Boa Nova a toda criatura.
Para estabelecer a sua Igreja em todo mundo até a consumação dos séculos, Cristo confiou aos 12 apóstolos o ofício de ensinar, governar, santificar. Mas, desde os primórdios, acontece a separação entre grupos e consequente destruição da comunhão. As diferenças foram acontecendo em questões doutrinais, outras vezes disciplinares ou mesmo sobre a organização estrutural da Igreja.
Não se pode esquecer que o Concílio Vaticano II é ecumênico. Um dos objetivos apresentados por João XXIII na convocação do Concílio foi a restauração da unidade entre as comunidades cristãs. Na verdade, assumiu aquilo que algumas comunidades cristãs já procuravam fazer. Era o movimento ecumênico que já tinha dado alguns passos na construção da unidade. Era um esforço para superar os obstáculos que separavam as várias comunidades.
É bom ter presente que os elementos sobre os quais a Igreja é construída e vivificada são: a Palavra de Deus, a fé, a vida da graça, a esperança, a caridade…. Sobre este alicerce o Espírito Santo vai edificando a Igreja. Vale lembrar que estes bens se originam em Cristo e conduzem a Cristo. O caminho ecumênico será conduzido pelo exercício destes dons recebidos de Cristo.
O Concílio Vaticano II deixou um decreto sobre o ecumenismo: “Unitatis Redintegratio” (Reintegração à Unidade). Afirma no proêmio: “Promover a restauração da unidade entre todos os cristãos é um dos principais propósitos do Sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II. Pois Cristo Senhor fundou uma só e única Igreja”. Durante toda a história da Igreja houve disputa e desentendimento entre grupos cristãos. Por outro lado, a superação da divisão não pode passar por uma mentalidade de indiferença e de relativismo religioso como se todas as religiões se equivalessem. É possível dialogar, mesmo reconhecendo as diferenças, quando Cristo se torna a razão principal da vida de fé no interior da comunidade.
Artigo publicado na edição de março de 2021 do Jornal da Arquidiocese, página 2.