Cerca de 380 pessoas estiveram presentes no 5º Congresso Missionário do Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que ocorreua na Paróquia São Francisco de Assis, em Palhoça.
Realizado entre os dias 23 e 25 de fevereiro, o evento teve como tema ‘Santa Catarina em Missão: o Evangelho é Alegria’. Além de integrantes de grupos da Infância e Adolescência Missionária e da Juventude Missionária, participaram do Congresso os missionários ligados às Santas Missões Populares e às experiências de missões, famílias missionárias e visitadores de todas as dioceses do estado de Santa Catarina.
Também fizeram presença o Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, o bispo de Tubarão e presidente do Regional Sul 4 da CNBB, Dom João Francisco Salm e o bispo de Chapecó e referencial para a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, Dom Odelir José Magri.
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Para Dom Odelir José Magri, o VI Congresso Missionário Regional seguiu a dinâmica do IV Congresso Missionário Nacional que aconteceu em 2017 e também em preparação para o 5º Congresso Americano que acontecerá em Santa Cruz, na Bolívia, no próximo mês de junho. “Este é um momento muito bonito em nosso Regional, pois aqui estão representadas todas as forças missionárias das nossas dez dioceses. O Congresso serviu para nos recolocar e renovar a dinâmica da dimensão missionária. Estamos aqui para celebrar e viver a experiência da fé, na alegria do Evangelho de um Igreja em saída”, declarou o bispo.
O congresso contou com a assessoria do secretário nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Antônio Niemiec. Segundo o padre, a urgência da missão, de acordo com as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2015-2019) e o despertar do vigor missionário, fizeram do VI Congresso Missionário Regional um espaço de vivência da cultura e da experiência da missão da Igreja. “Trabalhamos, a partir dos documentos do Concílio Vaticano II, Documento de Aparecida (2007) e da síntese do IV Congresso Missionário Nacional, o despertar do vigor missionário para ajudar as lideranças a continuarem no serviço missionário”, relatou o secretário das POM.
Padre Antônio disse ainda que 2019 será um ano muito importante para a Igreja em todo o mundo, pela celebração dos 100 anos da carta apostólica do Papa Bento XV, Maximum Illud, que trata do impulso que a missão deve ter ‘ad gentes’. Será convocado pelo Papa Francisco para outubro do próximo ano, um mês extraordinário para as missões em toda a Igreja.
Envio Missionário
Como um dos atos concretos, na missa de encerramento do VI Congresso Missionário Regional foram enviados três participantes do evento para experiências missionárias além fronteiras. São eles:
- Padre Josemar Silva (Arquidiocese de Florianópolis): enviado para o estado do Amapá.
- Janice Silva da Cruz (Comunidade Católica Divino Oleiro): enviado para Guiné-Bissau (África).
- Geison Demarch (Comunidade Católica Divino Oleiro): enviado para Guiné-Bissau (África).
Carta- Compromisso do VI Congresso Regional Missionário
“Santa Catarina em Missão. O Evangelho é Alegria”.
Foi nesta perspectiva que celebramos o VI Congresso Missionário Regional, que aconteceu entre os dias 23 a 25 de fevereiro de 2018. Nós, bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigos e leigas da CNBB Regional Sul 4 – SC, estávamos em mais de 380 delegados e delegadas de 9 dioceses do Regional. Armamos nossas tendas missionárias na Paróquia São Francisco de Assis – Aririú – Palhoça, Arquidiocese de Florianópolis. Vivemos a experiência bonita de sermos acolhidos com muito calor e alegria. Foram momentos de vivência e de reavivamento da espiritualidade missionária. Partilhamos bonitas experiências missionárias, buscamos aprofundar nosso conhecimento sobre a missão de toda a Igreja e, por fim, assumimos compromissos comuns em vista da missão em nossa rica diversidade catarinense.
Os Bispos em Aparecida e o Papa Francisco convocam toda a Igreja para ser missionária e viver em estado permanente de missão. “Todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20). [DGAE 2015-2019, 36] A missão “é o paradigma de toda a obra da Igreja”. Além disso, surge também a urgência de pensar estruturas pastorais que favoreçam a realização de uma nova consciência missionária. Esta “deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais” (DAp 365).
Rezar pela missão e pelos missionários é uma importante tarefa de todos os cristãos e cristãs. Mas nosso empenho pela missão não deve ser somente isso! Todos nós temos o dever de colocar o pé na missão em nossa comunidade, dedicando tempo a alguma necessidade pastoral. Ao mesmo tempo, faz-se urgente que nossas lideranças despertem para essa nova consciência missionária e a impulsionem com projetos que vão ao encontro das “periferias geográficas e existenciais”. Tudo isso deve acontecer simultaneamente ao compromisso de cada um ajudar na missão “Ad gentes”. Como cristãos e cristãs, não podemos fugir deste campo da missão.
A mudança de época que vivemos deve nos impulsionar rumo a esta nova etapa da missão em nossas comunidades. O Papa Francisco tem insistido para que, de fato, todos sejamos missionários e missionárias. O núcleo fundamental da missionariedade cristã está em dar testemunho da fé, “na medida em que testemunha o amor de Deus”, ou seja, o cristão evangeliza pelo testemunho. “Esta convicção permite-nos manter a alegria no meio duma tarefa tão exigente e desafiadora (EG 12)”. Se assim o fizermos, nossa resposta será uma opção decididamente missionária. Esta opção é capaz “de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação” (EG 27).
O nosso VI Congresso Missionário se propôs a ser um espaço de profunda reflexão para que possamos “assumir a nossa ‘natureza missionária’, guiados pelo Espírito, a serviço do Reino, que busca viver e testemunhar a ‘Alegria do Evangelho’.” E acreditamos que este objetivo foi cumprido. Das tarefas que nos aguardam a partir deste VI Congresso, que são para todos os cristãos e cristãs, elencamos algumas formas que, enquanto CNBB Regional Sul 4 – SC, podemos dar um impulso missionário:
O discípulo missionário é convidado a redescobrir o contato pessoal e comunitário com a Palavra de Deus como lugar privilegiado de encontro com Jesus Cristo. Em nosso tempo “não só existem muitos povos que ainda não conheceram a Boa Nova, mas há também muitos cristãos que têm necessidade que lhes seja anunciada novamente, de modo persuasivo, a Palavra de Deus, para poderem assim experimentar concretamente a força do Evangelho” (VD 96). Por isso, assumimos o compromisso de:
- Organizar espaços de estudos bíblicos em nossas paróquias e comunidades;
- Fortalecer os Conselhos com a presença de missionários(as) e que estejam impregnados pelo espírito missionário;
- Buscar construir relações mais fraternas, e superar todas as divisões e
O Concílio Vaticano II definiu o leigo de maneira positiva e afirmou a plena incorporação dos fiéis leigos à Igreja e ao seu mistério. O Concílio fundamentou toda a Igreja, e não só o clero, nas missões de Cristo e do Espírito Santo. Logo, o leigo é Igreja, não apenas pertence à Igreja, assim como “somos um só corpo em Cristo, e cada um de nós, membros uns dos outros” (Rm 12,5). Portanto, todo cristão é chamado a ser um autêntico sujeito eclesial (cf. DAp 497). O cristão é sujeito na medida em que, consciente de sua condição, exerce com discernimento e autonomia sua missão na Igreja e no mundo. Por isso, assumimos o compromisso de:
- Estudar o Documento 105 “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade” e assumir os compromissos lá propostos, de maneira especial fortalecer o Ano do Laicato que terá como ponto alto a Semana Missionária “Igreja em Saída”;
- Refletir e organizar a vida e a missão dos leigos e leigas, de maneira especial, aqueles que querem assumir a missão “Ad gentes”;
- Priorizar os gritos das várias expressões juvenis em nossas paróquias e comunidades, para que tenham uma participação mais ativa e efetiva;
- Levar os leigos e leigos a refletir e assumir a sua missão transformadora no mundo, participando dos espaços de discussão e compromisso com a cidadania e a democracia, bem como a luta pelos direitos e pela construção de políticas públicas.
A Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM) surgiu para auxiliar os educadores a despertar, gradualmente, a consciência missionária nas crianças, animá-las a fim de compartilharem sua fé e os seus bens materiais com as próprias crianças das regiões e Igrejas mais necessitadas, bem como promover as vocações missionárias a partir da idade mais tenra. Em nosso Regional há tempos temos esta Obra, com muitos grupos e estamos presentes em grande parte das Dioceses. Por isso, assumimos o compromisso de:
- Intensificar a divulgação da IAM em nossas Dioceses, Paróquias e Comunidades, bem como em outros espaços de organização (COMIDIs, COMIPAs…), assumindo pessoalmente o compromisso de rezar uma Ave Maria pelos missionários e missionárias;
- Intensificar a formação nos diversos níveis para assessores e coordenadores da IAM;
- Juntos com as crianças, presentes no Congresso, envolver-se mais na divulgação da IAM nas comunidades e nas
As Santas Missões Populares (SMP) são instrumento a serviço da missão de Jesus. Esta é a razão de elas existirem e a sua identidade. A missão de Jesus é a referência “fundante”. A razão de ser e de viver de Jesus era fazer a vontade do Pai que, com muito ternura e compaixão, concretizando a misericórdia e a solidariedade em suas palavras e em seus gestos. As SMP, como proposta e metodologia, são instrumentos que se usam de vez em quando; elas são um tempo especial para dar sentido à vida. Elas devem ser pensadas e organizadas de tal maneira que se adaptem ao cotidiano das pessoas e das comunidades. Por isso, assumimos o compromisso de:
- Ser uma Igreja em movimento, uma Igreja em saída rumo às periferias geográficas e existenciais, uma igreja viva e dinâmica no coração do mundo;
- Formar discípulos missionários de Jesus Cristo, que vivem sua fé em comunidade, o que implica: convívio, vínculos profundos, afetividade, interesses comuns, itinerância e solidariedade nos sonhos, nas alegrias e nas dores e, consequentemente, ser uma comunidade que acolhe, forma e transforma, envia em missão, restaura, celebra, adverte e sustenta;
- Construir processos de formação que possibilitem a todos os cristãos e cristãs a ter um coração católico, missionário e apaixonado pela missão.
A Igreja em estado permanente de missão aparece como a primeira das cinco urgências, na perspectiva eclesiológica do Papa Francisco. Esta dimensão ressalta, sobretudo, os apontamentos da Conferência de Aparecida que pede que a Igreja seja constantemente missionária. Assim, é preciso desenvolver uma consciência missionária, em todos os batizados. A missão é uma urgência que não se pode adiar! “Sem a missão Ad gentes, a própria dimensão missionária da Igreja ficaria privada de seu significado fundamental e de seu exemplo de atuação” e, consequentemente, “é preciso evitar que (…) se torne uma realidade diluída na missão global de todo povo de Deus, ficando, desse modo, descurada ou esquecida” (RMi 34). Por isso, assumimos o compromisso de:
- Priorizar o mês de outubro como mês missionário, fortalecendo as campanhas e atividades missionárias e, de maneira especial, assumir com toda a força o Mês Missionário Extraordinário de 2019;
- Divulgar as experiências missionárias “Ad gentes” em todos os meios de comunicação disponíveis (jornais, rádios, ..);
- Retomar o projeto igrejas-irmãs Além fronteiras em nosso Regional, favorecendo uma participação dos leigos e leigas;
- Proporcionar formação e cursos para missionários e missionárias “Ad gentes”.
Para concretizar nossos compromissos, queremos lembrar o Papa Francisco que nos interpela a não darmos desculpas esfarrapadas diante dos desafios da evangelização: “A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cômodo critério pastoral: ‘sempre se fez assim’” (EG 33). “A nossa imperfeição não deve ser desculpa; pelo contrário, a missão é um estímulo constante para não nos acomodarmos na mediocridade e para continuar crescendo” (EG 121). Neste sentido, o importante é arriscar, é tentar! Ele mesmo nos diz: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG 49). No fundo, o verdadeiro sonho de Francisco é “com uma opção missionária capaz de transformar tudo. “Não nos deixemos roubar o entusiasmo missionário” (EG 80) e “não deixemos que nos roubem a força missionária” (EG 109)! “Eu sou uma missão nesta terra”, nos lembra Francisco, e continua: “para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por essa missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar.” (EG 273).
Peçamos a Maria, mulher missionária, que se coloca a caminho, que nos acompanhe com seu olhar terno e materno, para que possamos confirmar o nosso sim a cada dia pelas estradas da vida!
Por Franklin Machado
Departamento de Comunicação