Dois grandes eventos nos reserva o mês de outubro: o Mês Missionário Extraordinário, que celebra os cem anos da Carta Apostólica Maximum Illud (A grande e sublime missão), do Papa Bento XV, e o Sínodo para a Amazônia. A coincidência, querida pelo Papa Francisco, nos leva a unir dois grandes e atuais desafios da Igreja: o anúncio do Evangelho aos povos e a defesa da criação.
São esses os desafios a serem tratados no sínodo que reúne todos os bispos que atuam na região, com o objetivo de encontrar novos caminhos para a missão na Amazônia e para a ecologia integral.
Sínodo missionário
Como ser missionário na Amazônia? Habitam aquela região os moradores das grandes e pequenas cidades, os povos indígenas, os ribeirinhos, os seringalistas, os extrativistas, os garimpeiros. Numa megadiversidade cultural, ainda não resolvida no âmbito evangelizador e pastoral. Essa diversidade não significa ameaça, nem justifica hierarquia de poder de uns sobre outros, nem fechamento nas próprias visões ideológicas, mas diálogo a partir de visões culturais diferentes, de modos diversos de celebrar a vida e a fé, de relacionar-se com Deus, as pessoas e os seres criados.
Sínodo ecológico
Como bendizer ao Deus Criador daquelas belezas sem fim? O sínodo pretende exaltar a ecologia integral, proposta pelo papa Francisco na encíclica Laudato Sì, no sentido de reconhecer que há uma conexão entre todos os seres. A começar da relação dos seres humanos com Deus, nos modos diferentes de crer, até chegar à percepção das diferenças culturais entre as pessoas e povos, até alcançar todas as coisas criadas por Deus, com as quais somos convidados a nos relacionar com amor e cuidado.
Dimensão universal
O que este sínodo, tão direcionado a uma região tão particular, tem a ver com a Igreja Católica em sua universalidade? Ou, o que temos a ver com isso? A Igreja da Amazônia é a Igreja de Jesus Cristo, é a nossa Igreja, com suas diferenças e riquezas próprias, com seus desafios e problemas. É uma Igreja com rosto amazônico, em seus pluriformes matizes, que procura ser uma Igreja em saída, que quer largar para trás de si uma tradição colonial monocultural, clericalista e impositiva, para discernir e assumir sem medo as diversificadas expressões culturais de seus povos.
Pe. Vitor Galdino Feller
Publicado na edição de outubro de 2019 do Jornal da Arquidiocese, página 05