No dia 28 de dezembro, a Igreja lembra os Santos Inocentes, considerando mártires as crianças que foram mortas pelo rei Herodes, no lugar do Menino Jesus. “Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou furioso e ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas proximidades” (Mt 2,16).
Sem entender a verdade do Reino de Deus e com medo de perder seus privilégios de rei, Herodes não hesitou em matar os meninos menores de dois anos, na intenção de eliminar Jesus e os riscos que ele representava. Mas José foi avisado por Deus e fugiu com Jesus e Maria para o Egito, e os inocentes foram sacrificados no lugar de Jesus.
A celebração litúrgica deste acontecimento tão cruel quer nos fazer refletir também sobre a realidade atual de tantas crianças inocentes, violentadas, perseguidas e assassinadas, vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência, sob a crueldade dos “Herodes” dos nossos dias, capazes de sacrificar nossos inocentes por motivos tão torpes quanto os do rei dos tempos de Jesus.
O “Herodes” contemporâneo do culto ao corpo é capaz de abortar para não ficar com estrias. O “Herodes” da liberdade e dos direitos sem deveres é capaz de abandonar um inocente, para não assumir as responsabilidades maternas ou paternas. O “Herodes” do lucro fácil é capaz de entregar seus inocentes à prostituição. O “Herodes” da ganância facilmente sacrifica crianças no trabalho escravo, e uma infinidade de outras crueldades.
Enquanto o rei dos tempos bíblicos enviou seus soldados com suas espadas rudimentares, os novos “Herodes” são cada vez mais criativos e ousados na tentativa de exterminar Jesus da sociedade. Eles criam redes sociais que disseminam notícias falsas e propagam um mundo sem Deus, comercializam abortivos proibidos, financiam pesquisas em universidades e propagam suas mentiras por toda a parte, eliminando Cristo da vida de muitas pessoas e dando vida a outros “Herodes” cada vez mais cruéis.
Neste dia dos Santos Inocentes, rezemos por nossas crianças, mas também por nossas autoridades. Não permaneçamos indiferentes ante a esses genocídios. Despertemos em nós a solidariedade e unamos nossas vozes e nossas ações às desses inocentes que seguem morrendo no lugar de Cristo.
“Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação; é Raquel que chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque já não existem” (Mt 2,18).
Pe. Sedemir Melo
Vigário na Paróquia
Divino Espírito Santo – Camboriú