Em todas as dioceses de Santa Catarina há algum tipo de trabalho relacionado ao acolhimento e apoio aos imigrantes estrangeiros, apontou um levantamento realizado no Conselho Regional de Pastoral (CRP), no regional catarinense da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Florianópolis, dias 03 e 04 de março
Assessoria para obtenção de documentos, cursos de língua portuguesa e fornecimento de alimentos estão entre as ações mais comuns, em geral, realizadas pelas Cáritas diocesanas ou por paróquias com maior fluxo missionário.
Em Florianópolis, onde a Pastoral do Migrante já existe há mais de 20 anos, o atendimento chega a 100 pessoas/dia, necessitadas de apoio social e jurídico. Dioceses com importantes fluxos migratórios, como Chapecó, Joinville e Rio do Sul, onde 60% dos municípios receberam estrangeiros, planejam instalar esta pastoral especializada na área. Em Joaçaba, o processo de organização está em andamento em cooperação com a congregação dos padres scalabrinianos, que atua em Campos Novos.
A maioria das dioceses planeja realizar um levantamento sobre a situação dos imigrantes. Em Caçador, onde a Cáritas Diocesana lidera os esforços para a questão das migrações, um levantamento apontou que 82% deles têm emprego e 79% gostaria de seguir os estudos. No entanto, a dificuldade de revalidação dos cursos já realizados em país estrangeiro dificulta o acesso a continuidade de formação, apontaram as dioceses.
Como citou a irmã scalabriniana Rosita Milesi, advogada e integrante do Setor Mobilidade Humana da CNBB, Santa Catarina foi o estado brasileiro que mais empregou haitianos (3.708), em 2014, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
Na apresentação aos conselheiros, a freira indicou que o atendimento emergencial deve ser seguido de um processo de longo prazo, que inclui integração cultural e combate à discriminação e a luta por isonomia. Em um exemplo, Malesi contou que há brasileiros que cobram o dobro do valor do aluguel quando o morador é estrangeiro.
O apoio da Igreja a eles é um imperativo humanitário, mas, também uma exigência evangélica, disse ao lembrar o gesto simbólico de Papa Francisco, ao visitar a ilha de Lampedusa, na Itália, local de diversos naufrágios de refugiados.
— O migrante quer trabalhar, precisa trabalhar, e diante da desigualdade de forças entre quem contrata e quem é contratado, ele sempre está do lado mais fraco, desconhece a legislação, não consegue se comunicar, não sabe os mecanismos legais disponíveis e muitas vezes tampouco cumpre as suas obrigações ou exerce seus direitos, por desconhecimento ou medo.
O CRP indicou ações para concretização do Plano Regional de Pastoral que respondem aos projetos de ação das cinco urgências da ação evangelizadora da Igreja, que valem até 2019.
Divulgar as oportunidades de voluntariado na Pastoral da Pessoa Idosa, promover “pastoral jurídica” para agilizar o reconhecimento de nulidade matrimonial, capacitar articuladores diocesanos de missões populares e fortalecer grupos ecumênicos nas dioceses e o Serviço de Animação Vocacional, são algumas das propostas que ainda devem ser sistematizadas pelo Secretariado Executivo.
Em uma partilha sobre o andamento da Campanha da Fraternidade, os coordenadores diocesanos de pastoral revelaram que a meta é que as paróquias criem grupos de fiscalização da criação do Plano Municipal de Saneamento Básico, que é compulsório, e que exijam serviço 100% público nos serviços de água, esgoto e destinação de lixo. Boas práticas ambientais, como consumo consciente e descarte adequado de sólidos, recebem destaque nos jornais e revistas diocesanas e em noticiários locais ao longo desta Quaresma.
Por: Marcelo Luiz Zapelini / Assessor de Imprensa do Regional Sul 4 da CNBB