A espera é um movimento interior de quem confia. Por depositar a sua confiança em Deus, o tempo já não é o principal, pois, mesmo estando no tempo, faz uma experiência de eternidade com o Senhor, para o qual um dia é como mil anos, e mil anos um dia (2Pd 3,8b). A Sagrada Escritura nos ensina que “aqueles, porém, que esperam no Senhor renovam suas forças, criam asas como de águia, correm e não se afadigam, caminham e não se cansam” (Is 40,31). Portanto, somos exortados a nos unirmos ao salmista e suplicar: “ó, minha alma, espera no Senhor” (Sl 42,6). Esta espera emana da fé em Deus, que está sempre presente na história da humanidade e na vida de cada pessoa.
Quanto mais reconhecermos a sua presença, mais crescem em nós a confiança e a espera. Assim como no passado esteve conosco acompanhando o seu povo e na plenitude dos tempos, vindo até nós por meio de seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, estará presente em todos os tempos, especialmente no tempo presente. A sua presença nos enche de alegria e esperança, pois sabemos de seu amor e cuidado manifestado no passado, testemunhado no presente e confirmado no futuro. Em Deus está a nossa esperança.
A experiência com o amor de Deus, para com todos aqueles que esperam nele, nos leva a declarar com o profeta Isaías: “Nunca se tinha ouvido falar, e jamais chegou aos ouvidos de alguém, olho algum jamais viu outro Deus além de ti, que agisse em favor dos que nele esperam” (Is 64,3). Esta espera não é imune das dúvidas e das preocupações, que constantemente nos rodeiam. Em meio a elas e com elas manifestamos nossa confiança e espera. O Pe. Eduardo Michelis, fundador da Congregação da Divina Providência, em sua experiência com o amor de Deus, declara: “Eu confio e espero no meu Deus que é providência. Aconteça o que acontecer, estou nas mãos de Deus e nele confio!”
O Advento é um tempo litúrgico da espera. Evidentemente este movimento interior de confiança não é inerte, pelo contrário, trata-se de uma espera orante, na qual nos unimos ao Espírito e a Esposa para dizer: “Vem”! (Ap 22,17). Unida a esta espera orante, há uma espera militante, por meio da qual acolhemos o Senhor que vem por meio dos pobres que encontramos no caminho, portanto, essa espera se dá por meio das obras de misericórdia. Não é somente o Senhor que vem ao nosso encontro, nós também, conduzidos por seu Espírito, vamos ao seu encontro. Ou melhor, porque ele veio ao nosso encontro, nós com o coração repleto de alegria e confiança, vamos ao seu encontro.
Pe. Luiz Francisco Fraga
Neo-sacerdote, ordenado em 22 de novembro de 2020, é formador do Seminário Menor Nossa Senhora de Lourdes, em Azambuja.