Em reportagem especial, o presidente do Instituto Pe. Vilson Groh indica uma saída para mudar o jogo das desigualdades sociais no Brasil, seguindo o exemplo do que acontece em Florianópolis: “não compreender a pobreza pela pobreza”, mas formar e capacitar os jovens pobres para trabalhar em realidades como a do Sapiens Parque, conhecido como o Vale do Silício de Santa Catarina. “O único caminho é vir para a periferia e ajudar a pensar socialmente”, afirma o sacerdote.
Em diversas partes do Brasil, a gente encontra pessoas e organizações mobilizadas por uma corrente do bem. Em Florianópolis, por exemplo, trabalha o Pe. Vilson Groh, um grande articulador que, através de pontes, elos estratégicos e da cultura do encontro pensa em saídas concretas aos problemas da população destituída de direitos. Ele é presidente de um instituto que leva o seu nome para aproximar dois mundos – o micro e o global, a periferia e o centro – com “uma relação de reciprocidade verdadeira”.
A justiça social através do Sapiens Parque
O Instituto Pe. Vilson Groh (IVG) oferece apoio técnico a oito organizações da sociedade civil que investem em políticas de assistência social, através de cursos de formação e capacitação de profissionais e voluntários, além de projetos desenvolvidos ao fortalecimento e à promoção de inclusão social e cidadania. Ao pensar em respostas criativas às organizações não-governamentais para melhorar os indicadores sociais, o sacerdote alerta que é fundamental “olhar para o micro, não descuidando do global”.
O Sapiens Parque, reconhecido em Florianópolis como o “Vale do Silício de Santa Catarina”, é uma das apostas do Instituto para projetar os jovens com mão de obra qualificada. O parque de inovação, controlado pelo Governo de Santa Catarina através de empresas pública e de economia mista, além de uma instituição de pesquisas, abriga desde 2002 empreendimentos, projetos pioneiros e iniciativas inovadoras de ciência, arte e meio ambiente para fortalecer a região. O Pe. Vilson serve de elo estratégico nesse caminho de qualificação da juventude e ao levar o mundo empresarial a compreender a realidade social das periferias, criando pontes reais de inclusão e esperança. Segundo ele, a periferia é o grande capital social de Florianópolis:
“Pra nós é interessante, porque estamos tentando, junto com um grupo de empresários que trabalham com essas questões, como se pensa uma cidade no processo da inclusão com o advento de todas essas empresas. Nosso olhar é sobre o trabalho de riqueza e pobreza, sobre um contexto de periferia na relação com o processo de inclusão.”
“ E como olhar a periferia? Como um grande capital social. E a juventude também como capital social. Porém, tem que qualificar essa mão de obra. ”
A grande saída: investir na educação dos jovens
Além de investir em assessoria pedagógica, jurídica e de captação de recursos das organizações, com especial atenção a um complexo de 6 mil crianças, adolescentes e jovens da periferia da cidade, Pe. Vilson trabalha com as comunidades eclesiais de base e, de forma mais ampla, com as pontes: “estamos superando este ‘nós e eles’, criando perspectivas de articular saídas de investimento para a vida de uma cidade, que não é feita só de investimento financeiro e de estrutura de prédios e monumentos, mas a vida de uma cidade é feita de pessoas”.
O Pe. Vilson então toca no tema da segurança de vida em sociedade, que “só existe se há redistribuição de renda, oportunidades de trabalho e políticas públicas que funcionem”.
“Essa é a discussão que se faz com esse grande grupo de empresários e focalizando na linha da educação, um caminho alternativo à linha do narcotráfico, oferecendo um horizonte que pode chegar até a universidade. Tudo isso ligado à questão da cidade, do ‘nós e eles’, de como criar pontes e, como o diz o Papa Francisco, não erguer muros; e num contexto, não em cima de polarização ideológica, mas em cima de questões reais que precisam ser discutidas.”
“Pra mim, a grande realidade de sensibilização é levar esse mundo empresarial brasileiro para compreender a realidade das periferias. Não de compreender a pobreza pela pobreza, compreender de como se produz essa realidade social a partir de projetos sociais e educativos que toca o coração da realidade empresarial. Pensar a educação e a cultura é o grande caminho que temos que implementar neste Brasil, é a grande saída que precisamos investir. ”
Quando se faz esse tipo de reflexão, ressalta Pe. Vilson, se abre realmente um processo de saída:
“O único caminho é vir para a periferia e ajudar a pensar socialmente”.
Por Vatican News