Mais um ano nos força a viver o Tempo Pascal em meio à pandemia do coronavírus. Tudo parece conspirar para que não consigamos celebrar a alegria pascal da vitória sobre o pecado, o mal e a morte. O aumento do número de infecções e, pior ainda, de mortes, nos assusta. Perguntamo-nos: até quando teremos que conviver com o poder nocivo desse vírus?
Cristo venceu a morte
Apesar de todos os males que assolam a história da humanidade e nossa própria história pessoal, somos interpelados a professar a fé na ressurreição. “Cristo ressuscitou, aleluia! Venceu a morte por amor, aleluia!”, diz um hino pascal. Nossa fé nos diz que a morte, nosso último inimigo, já foi vencida, foi tragada, devorada, no redemoinho da vida: “a morte foi tragada pela vitória” (1Cor 15,54). E com ela todos os males do mundo já foram aniquilados pela força redentora da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Ele havia garantido aos discípulos: “No mundo, tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
Povo de Ressuscitado
No batismo, nós morremos para o pecado e ressurgimos para a vida plena em Cristo. Somos, portanto, o povo dos ressuscitados. Não nos cabe viver no desânimo, no medo. Muito menos no egoísmo e na indiferença. A fé na ressurreição nos dá entusiasmo para anunciar, mesmo em meio às aflições da pandemia, o poder salvífico do Evangelho. Vivendo desde já na graça da ressurreição, temos confiança e coragem para suportar nossas dores e para aliviar os males que pesam sobre os irmãos sofredores, para fazer acontecer, ao nosso redor, pequenas ou grandes ressurreições.
Coma âncora na eternidade
A esperança da vida eterna, longe de nos afastar deste mundo, nos dá força para nos inserirmos ainda mais na carnalidade da história, para colaborarmos na aniquilação de todo o mal. “A esperança é para nós como uma âncora da alma, segura e firme; ela penetra para além da cortina do santuário, onde Jesus entrou por nós, como precursor” (Hb 6,19-20). Já temos alguém de nossa história humana, Jesus de Nazaré, que, fazendo-se igual a nós em tudo, menos no desumano do pecado (Hb 4,15), passou pelo sofrimento e pela morte, e superou tudo isso na obediência ao Pai e no amor ao próximo, alcançando a glória da ressurreição. Nele, por ele e com ele, estamos seguros de que nosso caminho terá um bom final.
Artigo publicado na edição de abril de 2021 do Jornal da Arquidiocese, página 5.