Vocação na Carta aos Efésios – por Padre Siro Manoel de Oliveira

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Vocação na Carta aos Efésios – por Padre Siro Manoel de Oliveira
Imagem.: @alexis95/Cathopic

A Carta aos Efésios para muitos é tida como o maior documento ecumênico do Novo Testamento. É chamada a carta do “muro abatido” (cf. 2,14). Nada se sabe para quem teria sido dirigida (o título “aos Efésios” é bem posterior). Apesar de muitos a verem como um resumo da teologia paulina, ela não seria de Paulo. É chamada de carta da prisão mas não é dado maiores informações quanto ao tempo e situação. Por isso, seria uma carta encíclica – que atingiria diversas comunidades da região.

Seu tema seria a eclesiologia. No Cap. 4, o autor exorta os seus leitores a se comportarem segundo a sua vocação, conservando a unidade do Espírito por meio do vínculo da paz, acolhendo-se mutuamente uns aos outros.

Qual a vocação? A vocação à UNIDADE, à comunhão, à Igreja. Este é o grande chamado que o Senhor nos faz.

O autor convida então os seus fiéis leitores a derrubarem o muro da separação entre os cristãos vindo do judaísmo e vindos do paganismo.

Como motivação para esta unidade necessária apresenta sete realidades fundantes: 1) um só corpo, 2) um só Espírito, 3) uma só esperança, 4) um só Senhor – Cristo cabeça no qual tudo é recapitulado, 5) uma só fé, 6) um só batismo, 7) um só Deus, pai de todos.

Para viver esta unidade não se pede uniformidade, mas comunhão e, então, são citados alguns ministérios para a construção deste corpo unido (cf. 4, 7-16): apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres que estão a serviço dos fiéis, de modo que cada um contribua com a sua liberdade e criatividade para a edificação do único corpo de Cristo, para que todos juntos alcancem a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus.

Para que isto aconteça é preciso “depor o homem velho e revestir-se do homem novo” (4,20-24). Jesus é esta nova humanidade. Deixar o homem velho que se deixa corromper pelas paixões enganadoras, pela mentira, ira, furtos e palavras más, aspereza, raiva e maledicência e sobretudo a não contristar o Espírito que constrói Cristo em nós e entre nós (4,30). Há que caminhar como filhos da luz.

É um verdadeiro combate para o cristão (cf 6,10-13) e para tal ele precisa da armadura de Deus e suas armas são (cf 6,14-17): 1) o cinto da verdade, 2) a couraça da justiça, 3) o calçado do zelo apostólico, 4) o escudo da fé, 5) o elmo da salvação, 6) a espada da Palavra de Deus.

Como se vê, num mundo tão dividido como o nosso, numa realidade tão polarizada, numa Igreja tão esfacelada esta carta que pede que abatamos os muros de separação é mais que atual e diz que nossa vocação é sermos Igreja, Igreja de comunhão, unida, para sermos Corpo de Cristo cabeça.

Artigo publicado na edição 304 do Jornal da Arquidiocese, na página 11.

Ano Vocacional 2023EfésiosPadre Siro Manoel de OliveiraUnidade

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