O Ano Litúrgico é, na Igreja, uma escola de santidade. Ao longo do ano, a liturgia nos dá a oportunidade de viver os mistérios essenciais da vida do nosso Divino Salvador, Jesus Cristo.
Iniciamos esse itinerário espiritual celebrando o Advento do Natal do Senhor e vamos até a celebração de Cristo Rei e Senhor do Universo. A cada ano somos convidados a percorrer este caminho de santificação com mais intensidade.
O tempo da Quaresma é um tempo especial do ano litúrgico, pois ele nos prepara para mergulharmos no mistério central da nossa fé: a Paixão, Morte, Ressurreição e a Ascensão de Jesus de Nazaré, concluindo com o Pentecostes (Mistério Pascal, atualizado e tornado presente em cada santa Missa).
Para vivermos bem esta jornada espiritual, rumo ao coração e à fonte da nossa fé, a Igreja nos convida a viver três práticas penitenciais de extrema importância na tradição bíblica e cristã: a oração, a esmola e o jejum (cf. Mt 6,1-6.16-18).
Falar hoje em penitência parece algo fora de moda, ultrapassado. Mas, a verdade é que nosso mundo perdeu a noção do quanto a penitência é necessária e importante em nosso itinerário espiritual. Perdeu-se a noção de pecado, sacrifício e oferta.
Em 2017, celebraremos o centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Em algumas das aparições, Nossa Senhora nos dizia que “há muitos pecadores que se perdem por falta de alguém que faça penitência por eles”. Temos nos esquecido disso. Precisamos recordar que quando nós nos oferecemos em sacrifício acontece, de forma invisível, uma realidade de transformação, de conversão, e o Reino de Deus vai acontecendo nos corações das pessoas.
No tempo da Quaresma recordamos o quanto somos pequenos e frágeis: “Lembra-te que és pó e que ao pó hás de voltar” (cf. Gn 3,19). Somos chamados a recomeçarmos, voltando todo o nosso coração para Deus: “Convertei- vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
A luta contra o pecado e a idolatria deve ser constante em nossa vida. “Pecado é buscar Deus onde Ele não se encontra” (Papa João Paulo II). Quantas vezes somos tentados como Jesus o foi no deserto e em toda a Sua vida. Daí a importância de vivermos as três práticas penitenciais próprias do tempo quaresmal que, no fundo, são remédios para combatermos nossas doenças espirituais: o jejum auxilia no combater a gula e a luxúria (cf. Mt 4,3); a oração no combater a vanglória e o orgulho (cf. Mt 4,6); e a esmola no combate à avareza e à soberba (cf. Mt 4,9). Estes ensinamentos deixados pelos Pais da Igreja são muito atuais e importantes para nós hoje.
Jó nos recorda que “é uma luta a vida do homem sobre a terra” (Jó 7,1). Sim, é verdade! Travaremos uma luta constante contra os três inimigos da nossa alma: o demônio (cf. Mt 13,18), a carne, marcas deixadas em nós pelo pecado original (cf. Mt 13,21), e as seduções do mundo (cf. Mt 13,22). Por isso, precisamos ter em conta nossas potencialidades, mas também nossos limites: “Ignorar que o homem tem uma natureza ferida [pelo pecado original], inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no domínio da educação, da política, da ação social e dos costumes” (CIC 407).
Por fim, termino com as palavras do Santo Padre, onde nos diz que a Quaresma é um tempo de conversão, de luta e de solidariedade: “Quaresma: caminho de conversão, de luta contra o mal, com as armas da oração, do jejum, da misericórdia. (…) nós levamos para o céu só o que compartilhamos com os outros” (Papa Francisco, 02 de março 2014). “No tempo quaresmal, a Igreja nos dirige dois importantes convites: adotar uma consciência mais viva da obra redentora de Cristo; viver com mais empenho o próprio Batismo” (Papa Francisco, 05 de março 2014)
Graça e Paz (cf. Gl 1,3),
Pe. Pedro Paulo Alexandre
Arquidiocese de Florianópolis
Vigário Forâneo
Estudioso de Parapsicologia
Pároco da Paróquia São Sebastião
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