Se eu não estou pedindo nada de mal, então por que Deus não me atende?
“Por que minhas orações não funcionam? Por que eu não consigo o que eu quero de Deus?” Esta é uma pergunta difícil de responder, especialmente quando a pessoa começa a ler Lucas 18: 35-43, que pode ser resumido assim:
“Jesus diz: ‘o que você quer que eu faça por você?’ O cego responde: ‘Senhor, eu quero enxergar!’. E jesus responde: ‘receba sua visão’”.
Por que todas as orações de intercessão não podem ser respondidas tão simples, clara e diretamente? Muito frequentemente, nossa oração não funciona assim. E, por isso, nós poderemos ser tentados a nos queixar desta forma: “Senhor, eu não estou pedindo nada de mal. Eu não estou pedindo a morte de meu rival ou para ser o Tirano da Terra. Não estou pedindo nada impossível. Só estou pedindo coisas louváveis, como um bom cônjuge católico, excelência em meus estudos e paz em minha família. Por que não me trata como tratou aquele cego?”
As perguntas sobre a oração – aparentemente sem respostas – podem ser as perguntas mais sinceras e, portanto, as mais dolorosas. Apresentamo-nos a Deus em nossa carência e vulnerabilidade, e Deus aparece sem resposta ou indiferente.
O que isso significa? Se o pedido estiver errado, Deus diz: “Não”. Podemos ter colocado nossos corações em algo que ele não pretende para nós. E Deus sempre dirá “não” a qualquer pedido que nos separe dele.
Se o momento não for oportuno, Deus dirá: “Espere”. O tempo é muito importante. Uma coisa boa no momento errado é uma coisa ruim. Podemos estar pedindo coisas que ainda não estamos prontos para receber e cuidar adequadamente.
Se aquele que reza estiver errado, então Deus dirá: “Cresça”. Deus sempre nos chamará para superar um coração dividido. (O exemplo mais famoso é de Santo Agostinho antes de sua conversão: “Ó Senhor, faz-me casto – mas não agora!”). Às vezes somos ambivalentes sobre receber uma graça que requer conversão, ou pedimos para sermos libertados de um desejo pecaminoso que ainda amamos. Deus pode trabalhar melhor em um coração indivisível, que não traça uma linha entre “Isto é para mim” e “Isto é para Deus”. Se oramos por uma graça que, na verdade, não a queremos, São Tiago vai dizer que somos instáveis e de mente dupla (isto é: querendo e não querendo). Por isso, não devemos esperar receber nada de Deus, porque não lhe oferecemos um lugar para ele colocar essa graça.
São Paulo é ainda mais direto, ao dizer em Romanos 12: 1-2 que não podemos adorar bem ou discernir a vontade de Deus se nos apegarmos ao que é indigno de nosso chamado cristão: “Pense na misericórdia de Deus, meus irmãos, e o adore! Peço-vos, de uma maneira que seja digna de seres pensantes, oferecendo os vossos corpos vivos como um sacrifício santo, verdadeiramente agradável a Deus. Não se modelem no comportamento do mundo ao seu redor, mas deixem seu comportamento mudar, modelado por sua nova mente. Esta é a única maneira de descobrir a vontade de Deus e saber o que é bom, o que Deus quer e o que é a coisa perfeita a ser feita”.
Às vezes, podemos entender o chamado divino à integridade espiritual e ao crescimento como condição para receber as melhores bênçãos de Deus, frustrando, humilhando ou enfurecendo. Mas dar o que queremos mataria Deus?
Sim. Desde Adão e Eva, nós, humanos, estabelecemos nossos corações, mentes e mãos sobre o que não é de Deus, insistindo em ídolos, brinquedos e prazeres que achamos que precisamos ou merecemos. Quando nos entregávamos à morte espiritual, insistindo no que queríamos, independentemente de ser verdadeiramente bom para nós ou não, nossa única esperança de resgate era uma intervenção divina. Jesus morreu para romper os laços da nossa desobediência de que tanto nos orgulhamos. Somente um Deus amoroso nos chamaria à maturidade e não satisfaria todos os nossos caprichos. Somente um Deus espantoso nos daria uma segunda chance de felicidade e santidade, comprada pelo Sangue derramado do Filho de Deus.
Se o pedido estiver correto, se o momento for o certo e nós mesmos estivermos certos, então Deus dirá: “Sim! Receba o desejo do seu coração – um coração ajustado no que é melhor para você. Felizmente o teu Pai te dá!”
Quando orarmos, lembremo-nos de que estamos nos voltando para o Deus que livremente escolheu nos criar, nos salvar e nos santificar. Estamos nos voltando para o Deus que nos chama à glória. Se nos lembrarmos disso, então oraremos repetidamente: “Jes
us, eu confio em ti”.
No próximo artigo, vou falar sobre o poder espiritual da raiva. Até lá, vamos nos manter em oração.
Por Aleteia