No Tempo Pascal celebramos a ressurreição de Cristo e sua ascensão gloriosa ao céu. Nós também somos chamados a este destino: o abraço amoroso de um Deus que é Pai. Mas ninguém entra no céu sozinho. Inseridos, pelo batismo, na vida em comunidade neste mundo, somos chamados à plenitude da vida comunitária no céu. É impossível ser cristão sem vida comunitária. Também não pode haver comunidade isolada. Cada comunidade de fiéis une-se a outras para formar uma comunidade maior, chamada de paróquia. Cada paróquia existe e sobrevive se estiver a serviço de suas bases, que são as comunidades e as pessoas, ajudando-as no caminho para a casa do Pai.
Definição de Paróquia
O Documento 100 da CNBB – “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. A conversão pastoral da paróquia” – apresenta palavras gregas usadas na Bíblia que têm a ver com o sentido de paróquia. O substantivo paroikía designa “habitação em terra estrangeira”; o verbo paroiken significa “viver junto de, viver em casa alheia, habitar próximo a”; o adjetivo paroikós equivale a “vizinho, próximo” (n. 161). E continua: “A Igreja, comunidade de fiéis, é integrada por estrangeiros, pelos que estão de passagem ou, ainda, pelos imigrantes ou peregrinos, sempre indicando que o cristão não está em sua pátria definitiva, que deve se comportar como quem se encontra fora da pátria. A paróquia, desse modo, é uma ‘estação’ onde se vive de forma provisória, pois o cristão é caminheiro” (n. 162).
Sempre peregrinos
Uma carta, de autor desconhecido, endereçada a um tal de Diogneto, descreve quem eram e como viviam os cristãos dos primeiros séculos. “Vivem na sua pátria, mas como se fossem forasteiros; participam de tudo como cristãos, e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é sua pátria, e cada pátria é para eles estrangeira”.
Os cristãos vivem em comunidades, mas não de modo isolado. Fazem de suas comunidades irradiação de amor e serviço, de doação e cuidado, em favor de todos, sobretudo dos mais necessitados. Fazem de sua comunidade e de sua paróquia uma experiência da vida celeste. Assim, a paróquia “é uma hospedaria que acolhe os viajantes para a pátria celeste. (…) Ela é referência, lar, casa e, ao mesmo tempo, hospedaria, estação para os que caminham guiados pela fé em Jesus Cristo”, ressuscitado dos mortos para nos abrir as portas do céu (Doc 100, n. 163).
Por: Pe. Vitor Galdino Feller
Artigo publicado na edição nº 212 do Jornal da Arquidiocese
Maio de 2015