O mês da Bíblia deste ano tem como tema “A defesa e a promoção da vida”. O lema baseia-se no livro da Sabedoria, escrito ao redor do ano 30 a.C., sendo o último texto canônico do Primeiro Testamento. Foi redigido na língua grega. O autor é judeu, morador de Alexandria, no Egito, onde havia uma grande colônia judaica. Inseridos na cultura greco-romana, os judeus sentiam-se ameaçados na fidelidade à sua Tradição de fé. O autor, então, apresenta a verdadeira Sabedoria, dom de Deus e fonte da justiça concebida como caminho da verdadeira vida.
O livro está estruturado em três partes:
1ª) 1,1-6,21: a Sabedoria como fonte de justiça
2ª) 6,22-9,18: origem e natureza da Sabedoria
3ª) 10,1-19,22: a Sabedoria na história de Israel
Apresentamos abaixo apenas alguns aspectos da primeira parte, na qual encontramos inserida a frase-lema do mês da Bíblia.
A Sabedoria, fonte de justiça
A Sabedoria, fonte de justiça, deve ser praticada, em primeiro lugar, pelos governantes: “Amai a justiça, vós que governais a terra” (1,1). O bom comportamento de um povo espelha-se, em grande parte, nas atitudes dos seus líderes.
A prática da justiça garante a vida. Deus criou o ser humano dando-lhe oportunidade de possuir vida em plenitude. Abrir-se à sua vontade e procurá-lo com integridade de comportamento é condição para tornar-se uma pessoa sábia. Deus é justo e eterno. Assim, quem pratica a justiça eterniza a vida, pois “a justiça é imortal” (1,15).
Tempo oportuno
O mês da Bíblia é tempo propício para nos aplicarmos, com novo ardor, na leitura e meditação da Palavra de Deus, a fim de que ela nos ilumine e nos fortaleça na missão de contribuir “para que os nossos povos tenham vida”.
Neste ano, o mês bíblico coincide com a proximidade das eleições, quando elegeremos nossos governantes. O tema da Sabedoria relacionada com a prática da justiça é bem oportuno, motivando-nos à responsabilidade como cidadãos conscientes do protagonismo que devemos exercer através do voto, do acompanhamento das ações dos nossos representantes e do compromisso que assumimos de exigir o direito à vida e à dignidade para cada ser humano, estendendo-se para toda a criação: “Pois Deus não fez a morte, nem se alegra com a destruição dos seres vivos. Ele tudo criou para que exista” (1,13-14).
Por Celso Loraschi
Professor
Artigo publicado na edição de setembro de 2018 do Jornal da Arquidiocese, página 08.