No dia 02 de novembro celebramos a memória dos mortos. Cada um de nós, depois de uma certa idade, tem uma lista de pessoas que passaram pela nossa vida e estão mortos. No Dia de Finados damos espaço para rezar por estas pessoas. Elas fazem parte da nossa experiência de morte. E os túmulos são uma forma de comprovar que as pessoas sobrevivem à morte.
Nós cremos que os mortos vivem de um modo mais verdadeiro, vivem em Deus. Ao visitar os seus túmulos, não queremos apenas reviver os momentos dolorosos da separação. Desejamos aprender algo sobre a grande viagem que, cedo ou tarde, devemos fazer.
Não queremos falar da face terrível da morte, mas do rosto da morte que perdeu seu aguilhão (1 Cor 15,54). Renovamos a certeza de que a morte não ameaça o nosso ser com a destruição total. Nós cremos que a morte foi vencida no momento em que Jesus passou por ela, extraiu-lhe todo veneno e ressuscitou.
Duas imagens revelam o rosto cristão da morte. Uma delas é o parto. A vida do ser humano é apresentada no Evangelho como um estado de espera (Jo 16,21). Naquele dia se conclui a longa gestação da “nova criatura”, do “homem novo”, daquele que foi destinado a viver para sempre. A liturgia chama a morte dos justos de “natividade”. Por outro lado, é um despojar-se da veste da miséria que é o corpo, para ressuscitar com uma veste nova que é o corpo glorioso da ressurreição. Jesus fala a Lázaro: “vem para fora” (Jo 11,43). Diz a todos nós: vem para fora da tua indiferença na vida, da tua preguiça, do teu egoísmo, do teu desespero, da dissipação e desordem de tua vida.
Assim como reproduzimos em nós as feições do Cristo terreno, precisamos reproduzir a imagem do homem celestial (1 Cor 15,49). O que aconteceu com Cristo na ressurreição, assim acontecerá com aqueles que são de Cristo. No dia em que celebramos a memória dos mortos, todos os nossos pensamentos se concentram na ressurreição. Sem a ressurreição não haveria outra atitude diante da morte do que afligir-se como os que não tem esperança (1 Ts 4,3). “As almas dos justos estão nas mãos de Deus, nenhum tormento os tocará” (Sab 3,1).
Por: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj
Artigo publicado na edição de novembro de 2017, nº 240, do Jornal da Arquidiocese, página 02.