Jesus ressuscitou e nós, com Ele, ressuscitaremos. A fé na ressurreição está no centro da vida dos seguidores de Cristo, como claramente apontou o apóstolo Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé” (1Cor 15,14). Também no Catecismo: “A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos cristãos” (CIC 991). Crer na ressurreição é crer no poder de Deus sobre o mal e a morte. A Páscoa de Jesus inaugurou um novo tempo, pelo que os seres humanos podem se dirigir a Deus Pai com confiança, alicerçados na força da morte e ressurreição do Filho. Os primeiros cristãos logo entenderam que a ressurreição de Jesus era a novidade a ser anunciada aos povos: Deus acolheu a doação de Cristo na cruz e o ressuscitou da morte, libertando Nele toda a humanidade.
Como Jesus, também nós iremos ressuscitar. O mistério da vida não cessa com a morte, mas, a partir dela, abre-se um novo horizonte de realização plena para nós, de comunhão com o amor da Trindade que experimentamos desde já, e será superabundante no céu. Já nesta terra firmamos nossa adesão ao projeto de Deus, ao viver em Igreja e na nossa busca de santificação. Deus tornará pleno este desejo que temos Dele, preenchendo-nos de felicidade na sua visão.
Cremos que o ser humano será ressuscitado em tudo aquilo que o constitui: não só a alma, mas também o corpo, porque Deus quer salvar o homem e a mulher inteiros, tal como os criou. Assim, a fé na ressurreição se conecta com a fé no Deus Criador: Aquele que nos criou nos recria em Jesus, “primogênito entre os mortos” (Cl 1,18). Não podemos saber os pormenores da ressurreição; é mistério que abraçamos na fé, garantido pela ressurreição de Jesus. Unidos ao Senhor, partilhamos seu destino nesta vida e na eternidade.
A vida em abundância que Jesus promete não se limita à terrenalidade, mas ultrapassa o aqui e se estende no pós-morte. Um dos prefácios para a missa dos fieis defuntos reza: “Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada”. Jesus é o paradigma desta transformação. Nossa morte será nossa Páscoa, porque a morte é prenhe de vida eterna.
Por: Paulo Stippe Schmitt – Seminarista do 3º ano de teologia da Arquidiocese
Artigo publicado na edição de novembro de 2015 do Jornal da Arquidiocese, página 08.