Artigo: “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10, 11), por Dom Onécimo Alberton

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Artigo: “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10, 11), por Dom Onécimo Alberton

Uma das mais belas imagens bíblicas, presente na história do povo de Israel, retratada, na cultura, nos textos teológicos, na espiritualidade e na iconografia, é a imagem do “Bom Pastor”. O pastor, como personagem daquela época, fazia parte da vida, do trabalho, do cotidiano das famílias do povo de Israel e dos povos vizinhos. O serviço de pastorear geralmente era assumido pelos próprios membros de cada família, pois fazia parte de sua subsistência. Este serviço era geralmente assumido pelos homens, por causa da incidência e dos riscos de enfrentar o ataque das feras, bem como dos perigos, dos assaltos e roubos que eram comuns, naquelas circunstâncias (Gn 31,39; 1Sm 17,34-37).

Tão significativa era a imagem do pastor, que era utilizada para comparar os reis, os dirigentes e autoridades religiosas daquele tempo. Ser chamado e reconhecido como um “pastor” era considerado um título de honra e de muita responsabilidade, sobretudo pelas características que lhe eram atribuídas de cuidado, defesa, proteção e zelo pela unidade do rebanho, evitando que este se dispersasse (Ez 37:24; Pr 27:23; Jr 23:1-4; Is 44:28). Quando esta missão não era cumprida, e estes não apascentavam o seu rebanho, mas a si próprios, o profeta afirma que Deus não abandona o seu povo, Ele mesmo assume o pastoreio, cuidando com amor e ‘suscitando novos pastores segundo o seu coração’ (Jr 3,15; Ez 34,3-5; Ez 34,11-31).

Dentro desta perspectiva, ao longo da história da salvação, Deus sempre toma a iniciativa por primeiro, e como Pastor supremo, conduz a humanidade cercando-a de cuidados, revelando seu amor maior através do seu próprio filho, Jesus Cristo, que veio para ser o nosso verdadeiro Bom Pastor, no qual se realizam plenamente todas as esperanças proféticas para humanidade (Jo 3, 16-17).

Neste sentido, nos evangelhos, por diversas vezes, vemos Jesus revelando o amor compadecido do Pai, como o verdadeiro Pastor salvífico da humanidade. “Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas sem pastor, e começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6, 34).

Mas, é precisamente no Evangelho de São João, o discípulo amado, que encontraremos Jesus se apresentando como a Porta das ovelhas e como o Bom Pastor (Jo 10,1-18), aquele que conhece as suas ovelhas, chama cada uma pelo nome e dá a vida por elas.

Quando Jesus assume a identidade do verdadeiro Pastor, cumprindo as promessas messiânicas do Antigo Testamento (Ez 34; Jr 3,15), Ele nos surpreende com o seu ensinamento quando se apresenta: “Eu sou a porta”. Ao assumir esta identidade de ser a “Porta”, Jesus se contrapõe ao mercenário e ao assaltante cuja intenção era somente de roubar, matar, dispersar e destruir, afirmando: “Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem”.

Ele é a nossa segurança, pois não nos abandona, acompanha-nos com amor e cuidados, mesmo quando em nossa prepotência, queremos caminhar sozinhos. Ele afirma: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20).

Foto: Capela da Cúria/Cláudio Pastro

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