Reservemos este mês de junho, dedicado, especialmente, ao Sagrado Coração de Jesus, para uma reflexão a respeito do amor misericordioso de Deus que foi derramado sobre a humanidade e sobre cada um de nós. Amor que jorra do lado aberto do Cristo, pendente na Cruz. Cruz, vista aqui, não como sinônimo, apenas, de sofrimento e dor, mas, sobretudo, como gesto máximo de doação, entrega e de amor ao Pai e aos irmãos. Amor que nos impulsiona a viver e a agir, tendo os mesmos sentimentos do Coração de Jesus.
O amor de Deus foi derramado, em nós, para nos libertar. O amor impulsiona Deus a estar continuamente presente na vida de seus filhos, a cuidar deles, a perdoá-los, orientá-los. Jesus nos convida a nos abandonar ao amor do Pai. Paulo experimentou a ternura de Deus, quando afirma: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,4).
A imagem do “derramar” que Paulo usa é particularmente significativa, exprime poeticamente, o amor incondicionado, abundante, contínuo, incessante. O gesto de derramar diz generosidade, excesso. Aos Efésios, ele diz: “Ele derramou abundantemente sobre nós a riqueza da sua graça, com toda sabedoria e inteligência” (Ef 1,8).
A relação entre Deus e o ser humano é posta sobre este nível do excesso e da superabundância. Deus dialoga com o ser humano nos espaços largos do amor, não na estreiteza dos direitos e deveres. Menos ainda, na mesquinhez do “mínimo necessário”, como espessas vezes, é nosso modo de proceder. Pelo contrário, Deus enche as criaturas de sua plenitude (cf. Ef 3,19), concede-lhes “graça sobre graça” (Jo 1,16) e “vida em abundância” (Jo 10,10).
O Coração de Jesus revela esta medida do dom de Deus, medida superabundante, surpreendente, e não do “mínimo indispensável”, não só por suas palavras como também em suas obras, gestos. Jesus quer que os seus discípulos o sigam na grandeza do coração: “Dai e dar-se-vos-á; uma medida boa, calcada, sacudida e transbordante vos será lançado no seio” (cf. Lc 6,18).
O amor de Deus nos impulsiona. O amor de Cristo, um amor previdente, imenso e surpreendente suscita, em nós, a resposta de amor por Ele e por aquilo que Ele ama. O amor de Cristo nos impulsiona a cultivar uma intimidade sempre maior com Ele, escutando sua palavra e tentando inserir, em nossa vida, os mesmos gestos de doação, entrega e generosidade.
Por: Pe. Adilson José Colombi scj, vigário paroquial e prof. de Filosofia