Os capítulos 14 a 18 de Mateus constituem uma seção verdadeiramente eclesial, pois contém narrativas e discursos importantes à fé da Igreja. Esse “4º Livreto” também se divide em uma parte narrativa (cc. 13,53–17) e outra discursiva (c. 18).
A parte narrativa mostra Jesus sendo desprezado em sua pátria (13,53s), tal como o profeta João, decapitado pelo rei de Israel que, ao invés de cuidar de seu povo, banqueteia-se até a embriaguez (14,1s). Jesus, ao contrário, “tomado de compaixão”, cura os doentes e banqueteia o povo no deserto (14,13s). Essa passagem recorda o maná do deserto (Ex 16), bem como o caminhar de Jesus sobre as águas (14,22s) recorda a passagem do povo pelo mar vermelho para se salvar do faraó. E tal como, no êxodo, o povo precisou superar a mentalidade opressora do Egito, Jesus ensina sua Igreja a superar a mentalidade excludente da impureza, com a qual os judeus separavam alimentos e pessoas (pagãos, doentes, etc, 15,1ss). Jesus ensina que a pureza está no coração! (15,18), Simão professa que Jesus “é o Cristo, o filho do Deus vivo” (16,16). Por isso é chamado de “Pedro”, pedra firme que deve sustentar a fé da Igreja apenas professada (16,13s). No entanto, mesmo ele, se não assumir a cruz (o sacrifício), pode tornar-se pedra de tropeço (16,23). Na transfiguração, a fé da Igreja se fortalece ao ver a Lei e os Profetas, Moisés e Elias, confirmando a voz do Pai de que “Jesus é o Filho amado”, a quem agora devemos ouvir (17,1s).
Artigo publicado na edição 305 do Jornal da Arquidiocese, em outubro de 2023, na página 8.