O Documento de Puebla traz uma significativa compreensão da natureza da Igreja, conjugada em um duplo foco: seu ser, proveniente do mistério de Cristo e seu agir, voltado para o ser humano, cujo rosto é concentrado na pessoa dos pobres. Seu ser: povo de Deus. Seu agir: indicar e realizar a comunhão.
INSEPARÁVEL DE CRISTO
A Igrejacontinua a obra evangelizadora de Cristo. Inseparável de Cristo, ela é sacramento de comunhão e povo peregrino na história, ao qual ele envia seu Espírito Santo. Por sua vez, a presença de Cristo na história, na cultura e na realidade da América Latina é inseparável da Igreja, por meio da qual o Evangelho de Cristo chegou a todos. Foi Cristo quem fundou a Igreja, fez dela o sacramento universal e necessário de sua salvação, apontando-a como caminho normativo para o encontro com ele. Fiel à encarnação visível, a Igreja é a presença e a ação evangelizadora de Cristo, é sinal, germe, princípio e instrumento do Reino de Deus pregado por Cristo. A Igreja é um povo universal, família de Deus, povo peregrino na história, povo que nasce de Deus pela fé em Cristo.
INSEPARÁVEL DOS POBRES
Do polo de Cristo o movimento vai para o polo dos pobres. A Igreja, povo de Deus, povo profético, povo enviado, povo servidor, discerne as vozes de Cristo na história, empenha-se por testemunhar a mesma predileção de Cristo pelos pobres e sofredores. A evangelização dos pobres, que foi para Jesus um sinal de sua messianidade, é sinal de autenticidade evangélica da Igreja. Com os olhos em Cristo, que foi solidário com os pobres, assumindo a situação em que eles viviam e chegando à expressão máxima de pobreza, a Igreja faz opção pelos pobres, sujeitos e destinatários da evangelização, definindo que a evangelização deles, sendo sinal e prova por excelência da missão de Jesus, é também a prova da fidelidade da Igreja ao Evangelho.
AMAR CRISTO NOS POBRES
Por isso, o serviço dos pobres é a medida privilegiada, embora não exclusiva, do seguimento de Cristo por parte da Igreja e de seus pastores. Daí a clara e profética opção preferencial e solidária pelos pobres e a necessidade de conversão de toda a Igreja para uma opção preferencial pelos pobres, no intuito de sua libertação integral. Por fidelidade e identificação com Cristo pobre e com os pobres, a Igreja assume a opção pelos pobres.
Publicado na edição de março de 2019, do Jornal da Arquidiocese, página 05
Por Pe. Vitor Feller