1ª Coríntios, uma carta emergencial

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1ª Coríntios, uma carta emergencial

Comecemos nesse mês a conhecer melhor a 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios. Conforme o livro dos Atos dos Apóstolos (At 18,1-8), S. Paulo esteve na cidade de Corinto depois de passar por Atenas. Pode ser que a experiência “relativamente frustrante” de não convencer os atenienses pela oratória, o fez se apresentar “sem a superioridade da palavra ou da sabedoria para anunciar o mistério de Deus. Pois não quis saber outra coisa, a não ser Jesus Cristo, e esse crucificado” (1Cor 2,1-5).

São Paulo evangelizou na cidade de 51 a 53, cerca de um ano e meio, pregando inicialmente na sinagoga. Ele ficava na casa de Priscila e Áquila, artesãos de tendas como o apóstolo. Diante, porém, de mais uma recusa dos judeus de o ouvirem, voltou-se à evangelização dos gregos, ensinando na casa de Tício Justo. O contexto não era simples. Pois Corinto não era famosa apenas por ser a capital da Província Romana da Acaia, ou por ser uma importante cidade portuária, situação que lhe rendia um comércio muito intenso, e pelos seus grandes edifícios, como o Templo de Apolo, ou ainda pelos jogos ístmicos, cujas manifestações olímpicas atraíam gente de todo o império, mas, particularmente, pela fama de devassidão moral, causada pela oferta fácil de prostituição. Estima-se que 1000 mulheres realizavam o ritual da prostituição sagrada no templo da deusa do amor e da luxúria, “Afrodite Pândemos” (cf. Estrabão, VIII, 6,20). Moça de Corinto era sinônimo de meretriz (Platão, Rep. III, 404).

Pelos idos de 57, enquanto evangelizava em Éfeso, S. Paulo recebe notícias de Corinto: cisões, contendas, injustiças, abusos, desordens morais, litígios levados diante de juízes pagãos, um notório caso de incesto não reprovado pela comunidade, que obrigou Paulo a exarar essa carta para reforçar os carismas e dons de fé, bem como corrigir os desvios de conduta. O que escreveu Paulo, tratamos na próxima edição do jornal.

Por Pe. Gilson Meurer

Artigo publicado na edição de novembro de 2018 do Jornal da Arquidiocese, página 08.

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