O Papa Francisco entende que tudo na Igreja deve acontecer de forma sinodal (do grego sin+ódos = caminho comum). É a proposta do Concílio Vaticano II (1962-1965), que, ao refletir sobre a Igreja, apresentou-a como povo de Deus em comunhão. A Igreja é ícone do mistério divino; ela é na terra o espelho da comunhão celestial das três pessoas divinas. A Igreja é mistério; mas mistério encarnado na história, comunhão divina que abraça todos os seres humanos.
IGREJA, SINAL DO REINO
A Igreja é sacramento de salvação, sinal, germe e instrumento do Reino de Deus. Essa identidade da Igreja é, na verdade, uma missão: ela deve tornar-se cada vez mais na história o que ela já é por graça divina. É um compromisso de todos os fiéis, desde o papa até o último fiel recém-batizado. Somos todos corresponsáveis pela vida de comunhão, pelo anúncio do Evangelho, pela prática dos sacramentos, pela opção pelos pobres, pelo cuidado da natureza. O papa governa a Igreja inteira junto com os bispos de todo o mundo. Caba bispo pastoreia sua diocese junto com seus padres e diáconos e com as lideranças pastorais.
IGREJA, ASSEMBLEIA DE SALVOS
Como a própria palavra diz, a Igreja (do grego ekklesía = convocação, reunião), é a assembleia dos fiéis salvos em Cristo, que fizeram a experiência do amor do Pai, são possuídos pelo Espírito Santo, tornaram-se novas criaturas em Cristo Jesus. Pelo Batismo, em Cristo todos somos filhos de Deus, em comum igualdade e na liberdade cristã: “não há mais judeu ou pagão, escravo ou livre, homem ou mulher, pois todos somos um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28). Essa unidade básica faz com que na Igreja tudo seja de todos, tudo o que interessa a todos deve ser trabalhado por todos. Esse é o sentido da sinodalidade.
COMUNHÃO, PARTICIPAÇÃO, MISSÃO
Desde o início do seu ministério o papa Francisco vem insistindo nessa marca que ele quer imprimir na Igreja do novo milênio. Ele quis que o próximo sínodo dos bispos, a acontecer em outubro de 2023, tratasse precisamente deste tema: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão”. Quis também que o sínodo da Igreja Universal fosse preparado pelo envolvimento de todas as dioceses e, por meio delas, de todas as expressões da vida da Igreja. Acompanhe, portanto, as iniciativas que irão surgir em nossa arquidiocese e em várias partes do mundo.
Por Pe. Vitor Galdino Feller
Vigário Geral da Arquidiocese de Florianópolis
Artigo publicado na edição de agosto de 2021 do Jornal da Arquidiocese, página 5.