Neste Ano Nacional do Laicato, o Jornal da Arquidiocese procurou leigos de algumas cidades, para saber a opinião deles em relação à nova Exortação Apostólica do Papa Francisco, “Gaudete et Exsultate”. E o consenso que eles chegaram é praticamente o mesmo: a santidade é para todos e começa nas pequenas atitudes diárias, em cada ambiente em que se vive.
Eliana Aparecida Medeiros
Secretária paroquial | 34 anos | Balneário Camboriú
Jornal da Arquidiocese (JA): Você acredita que a nova exortação pode ajudar os jovens a viverem a santidade?
Eliana Aparecida Medeiros: Sim, acredito, porque nesta carta o Papa vem mostrar que para ser santo preciso ter uma reta intenção, um desejo de santidade no meu coração. É o que podemos ver nos santos e santas de nossa Igreja, homens e mulheres que traziam em seu coração um desejo de ser de Deus de forma simples, mas eficaz.
Hoje posso ser de Deus, falar de Deus com a minha vida, na minha forma de me vestir e agir, na escola, faculdade, trabalho, na minha casa e por onde passar. Que a minha vida na juventude seja um reflexo do amor de Deus que me convida a ser santa.
(JA): Como os jovens podem viver a santidade hoje, com base nas indicações do Papa Francisco?
Eliana: Sendo jovens diferentes, aqueles que levam a alegria, a esperança e o amor por onde passarem, vivendo a santidade no namoro, na amizade, na convivência com os pais. Jovens cheios do Espírito Santo, que acreditam em um Deus vivo. Por mais difícil que seja a situação, o jovem sabe que pode ser santo neste mundo onde muitos não têm mais esperança. Um jovem com um testemunho da esperança viva e que acredita que para ser santo basta querer viver o amor de Deus nos irmãos.
Ricardo Marques
Coordenador de pastoral escolar | 37 anos | Florianópolis
Jornal da Arquidiocese (JA): O que mais lhe chamou a atenção nesta nova exortação do Papa?
Ricardo Marques: Me chamou a atenção a forma que o Papa Francisco utilizou dirigindo sua exortação de maneira clara e direta a cada fiel, confirmando assim que o chamado à santidade é, de fato, um compromisso pessoal e que se deve viver à luz da fé e da Palavra de Deus.
Cada pessoa ‘a seu modo’ (palavras do Papa), em seu estado de vida, em seu meio de trabalho, na realidade onde está inserido, fazendo de cada realidade um espaço de ‘bem-aventurança’, de santidade.
(JA): Como se pode colocar em prática este documento?
Ricardo: Na própria exortação, o Papa nos indica maneiras muito práticas de se viver a santidade, como por exemplo: Os pais que procuram criar seus filhos com amor; os trabalhadores que labutam para trazer ao seu lar o pão de cada dia; as pessoas que não espalham fofocas; os esposos que se cuidam e se cultivam; os consagrados que vivem com alegria a sua doação; aqueles que lutam pelo bem comum, para além de seus interesses pessoais.
Enfim, o Sumo Pontífice nos convida a aproveitar as ações ordinárias da vida para fazê-las de forma extraordinária e, assim, testemunhar a caridade cristã, mais eficaz expressão de santidade.
Vanderlei Smaniotto
Bancário aposentado | 55 anos | Itajaí
Jornal da Arquidiocese (JA): O que mais lhe chamou a atenção nesta nova exortação do Papa?
Vanderlei Smaniotto: “Alegrai-vos e exultai” (Mt 5,12). Esta frase de Jesus é usada agora pelo Santo Padre para renovar o chamado à santidade no mundo atual em sua nova Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate. Francisco é incisivo desde o início de seu texto, onde afirma que o Senhor “quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa”. Para alcançar a santidade, uma simples recomendação: “Anda na minha presença e sê íntegro” (Gn 17,1).
O Papa afirma que o Espírito Santo derrama a santidade por toda a parte, e que podemos vê-la em todos aqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus. “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra”. É dessa forma que podemos colocar em prática o que Deus nos pede: “Sede pois santos, porque eu sou santo” (Lv 11,45). E tenhamos sempre em mente o que nos assegura Santa Teresa de Calcutá: “Ele depende de nós para amar o mundo e demonstrar-lhe o muito que o ama”.
Leonilda Delourdes Gonçalves
Professora | 67 anos | Florianópolis
Jornal da Arquidiocese (JA): O que a senhora achou da nova exortação do Papa?
Leonilda Delourdes Gonçalves: Um documento de poucas páginas, mas muito rico. É uma continuidade das exortações Evangelii Gaudium e Amoris Laetitia. Esta chama atenção e nos mostra que é necessário ressignificar nossas ações, pois por menor que sejam nos comprometem, mas também nos santificam.
Senti que realmente não tenho uma missão, mas sim a minha vida é uma missão. Dependo da graça divina. E sou bem-aventurada, quando na contramão do que o mundo mostra, consigo perceber a presença de Cristo no outro que está ao meu lado, que vive na minha comunidade ou na nossa sociedade. O Papa nos exorta à comunhão com o Senhor, e a prosseguir com coragem.
JA: Como se pode colocar em prática este documento?
Leonilda: Os ensinamentos iluminam e reforçam a minha missão, fortalecendo os momentos de intimidade e silêncio com Deus. Minhas ações devem ter uma nova perspectiva, começando pela família. Participo do Movimento do Cursilho, vivo a evangelização nos ambientes.
Estou na Pastoral da Pessoal Idosa desde sua fundação, em 2004. Visitamos as pessoas idosas mais fragilizadas, que sofrem a solidão, devido à dependência ou à idade. Sofrem também a violência econômica, psicológica e física. Fui coordenadora estadual, de 2007 a 2012, já fiz visitas às pessoas idosas, mas hoje meu trabalho é capacitar líderes das comunidades paroquiais, a fim de visitar os idosos que estão em situação de vulnerabilidade. Evangelizamos levando a esperança, resgatando a dignidade e os direitos destas pessoas. Lutamos por justiça, reforçarei minha participação dentro dos Conselhos Estadual e Municipal de Saúde, assim como no Conselho Estadual de Assistência, lutando pelo bem de todos, em especial das pessoas idosas. ‘Buscar a justiça com fome e sede: é santidade’”.
Osnildo Maçaneiro
Bancário aposentado | 69 anos | Brusque
Jornal da Arquidiocese (JA): O que o senhor achou da nova exortação do Papa?
Osnildo Maçaneiro: Esta exortação veio em um bom momento de minha vida e também da Igreja, uma obra prima com uma dose de otimismo, verdades e revelações, mas da sabedoria de um Papa que tem seus escritos, um grau de espiritualidade ímpar.
Nos coloca na berlinda da vida, porque ela traz em seu conteúdo um esclarecimento de vida a ser seguido na sua essência, por se tratar não somente de uma exortação de cunho espiritual, ético e moral, mas de um ensinamento catequético incomparável, no qual precisamos nos espelhar para tentar vivê-lo.
O que me chama à atenção nesta nova exortação é que, na sua totalidade, não tem nada fora da realidade. E como o Papa cita no artigo 80: “a misericórdia tem dois aspectos: é dar, ajudar, servir os outros, mas também perdoar, compreender”. Misericórdia é um caminho a seguir.
(JA): Como se pode colocar em prática este documento?
Osnildo: Posso dizer que estou pronto para acompanhá-lo em sua nova exortação apostólica, mas reconheço que sou frágil e fraco e vou procurar me ater àquelas mudanças de vida que ele propõe nos artigos da exortação.
Espero dar uma contribuição na prática. Em se tratando da Liturgia, onde trabalho com muito amor, vou me dedicar ainda mais para que todos os cristãos sejam contemplados em seu direito de conhecer e amar a Deus através da Liturgia, e com objetivo primeiro de usar da misericórdia para se chegar a Jesus como pede o Santo Padre.
E procurarei viver mais intensamente a vida comunitária, pois o Papa mesmo afirma que ninguém é santo sozinho, mas sim dois a dois, ‘eu’ e a ‘comunidade’. Poderemos então criar vínculos afetivos de cumplicidade mais fortes, onde dificilmente cairemos nas desavenças e contradições. Criaremos laços de amizade e compreensão e viveremos um pouco melhor a Palavra de Deus na sua totalidade.
Maria Terezinha Silva
Aposentada | 66 anos | Canelinha
Jornal da Arquidiocese (JA): O que mais lhe chamou a atenção nesta nova exortação do Papa?
Maria Terezinha Silva: Me chamou a atenção o carinho que o Papa tem para com todos os cristãos. Sendo um ‘chamado à santidade no mundo atual’, o Papa parece que mora aqui na minha rua, na casa ao lado. Ele enxerga as minhas dificuldades e as da comunidade em que participo. E ele diz que é no nosso dia a dia que devemos buscar a santidade. Todos nós somos chamados a ser santos, eu que sou mãe, sou avó, que trabalho, que estou doente, que sirvo na comunidade. São nesses momentos de distribuição do amor que sou chamada a ser santa e viver a santidade. Todos nós somos chamados a ser reflexos da presença de Deus. A santidade é para todos.
JA: Na sua opinião, como os catequisandos podem viver a santidade hoje, com base nas indicações do Papa Francisco nesta exortação?
Maria Terezinha: A melhor maneira de viver a santidade é fazer tudo com amor. O gesto mais simples e humilde, de evitar jogar lixo na rua ou ajudar alguém que precisa de pão, água ou algum outro benefício material, abraçar ou escutar, são maneiras de ser santo. Ser santo um dia por vez. O jovem não precisa ter medo da santidade, deve viver a vida de forma que não prejudique os outros e nem a si próprio.
Como diz o Papa Francisco, “as bem-aventuranças (Mt 5,3-12; Lc 6,20-23) são como que o bilhete de identidade do cristão” (63). Se o jovem assumir isso, verá que é um amor verdadeiro que vivencia e não um amor de troca. O jovem precisa realmente andar na contramão do mundo e ter Jesus como sal e luz que o conduz conduz para o caminho do céu. O jovem deve ser alegre, como os santos são, como Jesus é.