O último salmo do saltério é uma lírica solene, onde o “Aleluia”, que abre e fecha o salmo, e o livro, é acompanhado de instrumentos musicais, e ecoa através de 10 convites a louvar (lit. “aleluiar”) o Senhor. Com efeito, a palavra “salmo, saltério” vem do grego psaltérion, um instrumento musical de cordas.
O salmista situa o Senhor na terra (“templo”) e no céu (“poderoso firmamento”), e recorda seus feitos grandiosos (lit. “obras fortes”), isto é, seus atos de salvação e libertação. Então se acionam os instrumentos da orquestra do Templo, de cordas (harpa, cítara, cordas em geral), de sopro (trombeta, flauta) e de percussão (tamborim, címbalos), bem como a dança ritual, para harmonizarem-se com toda a criação. Por fim, os seres humanos se tornam o instrumento mais nobre de louvor ao Senhor (o termo hebraico utilizado para “respiro”, neshamah, é apenas empregado para Deus ou ser humano: Jó 33,4; 2Sm 22,16; Sl 18,10). Ou seja, enquanto vivemos, temos o “respiro de vida” dado por Deus (Gn 2,7), louvemos o Senhor.
O canto desse salmo manifesta a liturgia festiva de judeus e cristãos. Os músicos não são concertistas, mas são ministros do culto. A liturgia, como prova o salmo, não deve ser muda ou monótona. O documento Sacrosanctum Concilium (n. 112) afirma a proeminência da música sacra entre as formas de arte e necessária à liturgia, pois exprime suavemente a oração, cria unidade na assembleia e dá solenidade aos ritos sagrados.
Enquanto o primeiro salmo convida o fiel a sapientemente escolher a via do bem, meditando a Palavra do Senhor (Sl 1,2), motivando-o a adentrar no livro dos salmos e fazer seu cada hino, cada oração de louvor, de súplica, de lamentação, e de pedido; o último salmo ensina que tudo culmina no louvor, expressão de gratidão e confiança do orante na bondade de Deus, e que a oração acompanha toda a nossa vida, instruindo o fiel a não fechar o livro dos salmos após recitá-lo uma vez, mas a continuamente retomá-lo em suas preces.
Leia o salmo e reflita:
1) O que nos ensina o último salmo do saltério?
2) Quais instrumentos compunham a orquestra do Templo?
Por Pe. Gilson Meurer
Artigo publicado na edição de junho/2018, nº 246, do Jornal da Arquidiocese, página 08.