“Como levar o exercício destas obras lá na sua realidade? Que isto não pare no encerramento do Ano Santo, mas seja nosso ponto de partida”.
A expectativa de público foi superada e aproximadamente 16 mil pessoas compareceram neste domingo, 20, no Estádio Orlando Scarpelli, bairro Estreito, em Florianópolis (SC), para o encerramento do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
O bom tempo colaborou para que as pessoas viessem em caravanas das 72 paróquias, dos 30 municípios da Arquidiocese, em mais de 140 ônibus, além de micro-ônibus, vans, tupiques, carros particulares e muitas em caminhada, de comunidades próximas.
Entre este povo todo, estavam as irmãs Leia e Maria das Graças Soares, de Porto Belo (SC). Para elas, que perderam a mãe há quatro meses com 102 anos de idade, foi motivo de agradecer a Deus pela misericórdia que as atendeu nos momentos difíceis e bons. “Vivenciamos a misericórdia de Deus na prática, e sabemos o quanto Deus nos ama. Estamos muito felizes em participar desse ato tão importante. Queremos continuar vivendo essa misericórdia”, comentaram.
Após a animação inicial, conduzida pelo pároco da Paróquia Divino Espírito Santo de Camboriú, Pe. Márcio Vignoli, foram apresentadas as obras de misericórdia da Arquidiocese, representadas por 52 ações sociais paroquiais filiadas a Ação Social Arquidiocesana (ASA). São trabalhos sociais de acompanhamento às famílias mais empobrecidas das comunidades, com distribuição de alimentos, formação profissional e diversos encaminhamentos que buscam mais vida e dignidade para cada pessoa, como é o caso dos adictos e moradores de rua.
Escute a animação do Jubileu da Misericórida:
Foi apresentado ainda o trabalho da APAC em Santa Catarina – Associação de Proteção e Assistência ao Condenado, que tem por finalidade recuperar o preso e promover a justiça, entre tantos outros benefícios. A primeira unidade da APAC está em construção junto ao Complexo Penitenciário da Trindade, na capital. “A construção da APAC é a obra deste Ano da Misericórdia. Quero agradecer a todos que colaboraram com a coleta para a APAC, mas é necessário que coloquemos nosso coração”, disse Dom Wilson.
“Faço parte do Movimento de Irmãos na minha comunidade, e procuro sempre me envolver em ações que contribuam com o ser humano. Esse Ano da Misericórdia fez meditar muito nossas ações, por isso estar aqui hoje marca o encerramento de uma profunda reflexão que vivemos”, destacou o autônomo, Tarcísio Luiz Kloppel, 56 anos, morador de Biguaçu.
Todo o evento foi animado pelo Coral Vozes de Santa Catarina, com 250 integrantes, sob regência do maestro, Robson Medeiros Vicente.
Dois momentos marcaram particularmente o evento e emocionaram os presentes: a entrada da co-padroeira da Arquidiocese, Nossa Senhora do Desterro, e da padroeira, Santa Catarina de Alexandria, celebrada no próximo dia 25 de novembro.
Às 09h30, a procissão pelo Estádio Orlando Scarpelli com 120 padres e aproximadamente 80 diáconos, marcou o início da grande Celebração Eucarística do encerramento do Ano Santo. Foi presidida pelo Arcebispo, Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, e concelebrada ainda pelo Bispo Auxiliar Emérito, Dom Vito Schlickmann.
Nas primeiras palavras quando subiu ao palco montado no campo, o Arcebispo afirmou que quando se pensa na misericórdia, há Deus que se aproxima do ser humano. “Temos um Deus que caminha conosco, que olha nossa imperfeição com misericórdia e nos toma pela mão. Ele purifica nossa vida”, explicou.
No domingo, a Igreja celebrou o dia de Cristo Rei do Universo. “É uma grata providência encerrar o Ano da Misericórdia na festa de Cristo Rei. Na medida em que aceitamos Cristo e Seu Evangelho, mudamos nosso modo de viver. Cristo Rei reina pregado na Cruz. Ele deu a Sua vida totalmente para o outro, doar-se para que o outro tenha vida. Esse é o Rei que aclamamos hoje, que fizemos festa, que é capaz de dar a vida”, assegurou o Arcebispo na homilia. E prosseguiu ao explicar que “nós não podemos estar indiferentes a ninguém, nem quem é bom ou ruim. Esta é uma das lições do ano da misericórdia. No modo geral, somos muito acomodados. Jesus tem a palavra de acolhida no alto da cruz: ‘Hoje estarás comigo no paraíso’. Se as obras de misericórdia não fizerem parte da nossa vida cristã de cada dia, o nosso cristianismo é medíocre”, finalizou Dom Wilson.
Para o diácono Adriano Antunes, da Paróquia São José, o evento impressionou pela presença do povo. “Muito emocionante este dia. É um grande incentivo para todos os cristãos colocarem em prática o que foi transmitido durante este ano e, assim, refletirem o rosto da misericórdia que é o próprio Cristo”, salientou o diácono.
Paulo Cesar da Silva e a esposa, da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, do Saco dos Limões, em Florianópolis, foi um dos 120 casais do Movimento de Irmãos que serviram no evento. “No início foi um pouco tumultuado, devido à grande quantidade de pessoas, mas depois tranquilizou e foi gostoso servir aqui, agradecendo às misericórdias do Senhor”, observou Paulo.
O evento contou com apoio de muitas pessoas anônimas das diversas pastorais, movimentos, serviços, Cruz Vermelha que, somados aos 300 jovens, contribuíram com o bom êxito na manhã do domingo.
A Arquidiocese agradece ao apoio de todos, especialmente à direção do Figueirense Futebol Clube, que generosamente cedeu as instalações para a realização do encerramento do Ano da Misericórdia.
Imagens do fotógrafo Everton Marcelino
No balanço do evento, o Arcebispo sustentou que foi uma manifestação bonita, de todas as paróquias e comunidades da Arquidiocese. “Como mensagem final, o Ano da Misericórdia veio confirmar o desejo do Papa Francisco: no centro da proposta deste ano, está o fato de que não podemos olhar as realidades ao nosso redor, somente com uma análise de lucro ou alguma coisa condenável. Não podemos estar indiferentes a nenhuma realidade em que as pessoas vivem. Todas as realidades lembradas pelo Evangelho, seja paralisia, lepra, corrupção, doenças, seja o pecado, todas essas foram tratadas por Cristo, não com ar de condenação ou indiferença, mas representaram a principal preocupação Dele. E a novidade do prosseguimento de Cristo se chama misericórdia. Somos convidados a aprender e a exercitar este modo de lidar com as realidades do mundo que nos envolve”.
Um Jubileu onde o Sacramento da Reconciliação esteve em destaque
O Papa Francisco iniciou com o Jubileu Extraordinário da Misericórdia no dia 08 de dezembro de 2015, em Roma. Após a Comunhão, o Pontífice abriu a Porta Santa, na entrada da Basílica de São Pedro. E, assim, a Igreja em todo o mundo abriu também a Porta Santa.
Na Arquidiocese, a Porta da Misericórdia foi aberta pelo Arcebispo no dia 13 de dezembro de 2015, na Catedral. E assim, foram abertas outras dez Portas Santas, distribuídas nas Igrejas Jubilares. No domingo, 13 de novembro de 2016, todas estas Portas foram fechadas.
Foi um período em que a igreja local viveu intensamente o Ano Santo, com jubileus dos enfermos, da vida consagrada, dos colaboradores da Mitra, das famílias, dos presbíteros, dos presos, dos diáconos e esposas, da juventude, das entidades, pastorais e ações sociais.
Neste tempo, intensificaram-se as obras de misericórdia corporais e espirituais e o Sacramento da Confissão. “O perdão é uma força que ressuscita para nova vida e infunde a coragem para olhar o futuro com esperança”, declarou o Papa Francisco na Bula de Proclamação do Jubileu.
Para o vigário paroquial da Paróquia Santíssima Trindade em Florianópolis, Pe. Frei Luiz Antônio Frigo, OFMCap, esse ano foi extraordinário e, acima de tudo, criou-se uma consciência coletiva e espiritual, de que o ser humano precisa aproveitar de maneira mais profunda, o Sacramento da Confissão ou Reconciliação. Ele explica que a confissão é um remédio do laboratório divino, com poder retroativo, onde vai até o início da vida da pessoa e queima o lixo da história. E faz a chamada ecologia espiritual. “Este Sacramento é um remédio salutar que dá equilíbrio e serenidade. Porque cada um carrega junto consigo o seu passado e precisa carregar o passado limpo, não sujo, reciclar o lixo da história”, comentou o frei. E continuou ao reconhecer que se despertou “nas igrejas, mais interesse pelo Sacramento da Confissão que é a própria pessoa de Jesus Cristo que se faz presente. E não é só o perdão dos pecados, Cristo abastece o tanque da energia humana e espiritual, para que a pessoa viva o seu presente e caminhe para o futuro e não para o passado. Foi um momento sagrado, bonito, para o bem das pessoas e da humanidade inteira. Isso graças ao Papa Francisco que instituiu o Ano da Misericórdia”.
Frei Frigo explicou que se intensificaram as confissões, principalmente de pessoas que buscaram a indulgência plenária, com a Porta Santa. “É um dos aspectos dos freis capuchinhos, o atendimento das confissões. Temos dois santos da misericórdia, capuchinhos, escolhidos como modelos de confessores pelo Papa Francisco, São Pio e São Leopoldo”, complementou o sacerdote.
Equipe de comunicação do evento
A assessoria de comunicação da Arquidiocese agradece aos colaboradores que ajudaram na captura das imagens e depoimentos:
– Rubiane Sarturi, Larissa Manica, Pedro Henrique, Fran Lima, Gilmar Schmitz, Gabriela Fernandes, Tiago Santana, Luciano de Lima, Roberto Ambrósio, Ricardo, Bárbara Bunn, Ezequiel Cipriano , Everton Marcelino, Michel Leandro, Jonas Silva, Sedemir Melo e Amanda Buttchevits.
– Agradecimento a Jean Souza – Águia Filmes – pelas belíssimas e emocionantes imagens com o drone.