Tamajara com o haitiano Felipe.
Tamajara com o haitiano Felipe.

Pastoral do Migrante na ajuda aos haitianos e senegaleses na Arquidiocese

Quando a equipe de reportagem chegava no Capoeirão para fazer esta matéria, o coordenador, Padre da Missão Scalabriniana,  Joaquim Roque Filipin, cs, saía para levar alguns dos estrangeiros até a Polícia Federal, para a legalização de documentos. Uma das etapas do processo da Pastoral.

A antropóloga e agente da Pastoral do Migrante, Tamajara da Silva, afirmou que o primeiro momento do trabalho começou pela manhã, na fase da identificação. “Auxiliamos a prefeitura no cadastramento, processo que chamamos de triagem. Além disso, fazemos o que para nós é uma rotina na Pastoral do Migrante: escutamos”, disse Tamajara. Em seguida são feitos os encaminhamentos e demandas.

A partir do que falaram na triagem, com tudo anotado na ficha da Pastoral do Migrante, os “protocolos” (documentação) foram reunidos e eles encaminhados ao local mais aguardado até então, a Superintendência do Trabalho. Lá, com ajuda de tradutores voluntários, com CPF em mãos, a ficha da Pastoral e o protocolo, estes homens e mulheres saíam com a Carteira de Trabalho.

Desde o dia 25 de maio, Florianópolis recebeu haitianos e senegaleses que estavam no Estado do Acre e se deslocaram para o Sul do Brasil. Eles ficaram alojados na estrutura montada no Ginásio Saul Oliveira, o “Capoeirão”, área continental da Capital.

Chegaram até esta sexta-feira, 29, seis ônibus, em um total de 127 estrangeiros. Até o domingo, 31 de maio, foram mais três ônibus. A maior parte são homens, mulheres vieram em número de dez. A faixa etária da maioria é entre 20 a 30 anos, com ensino fundamental e médio, mas alguns possuem ensino superior. A Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Florianópolis, em parceria com a Prefeitura e o Governo de Santa Catarina, tem se dedicado no auxílio da chegada desses imigrantes.

O haitiano Felipe Jandir, que completou 44 anos no dia 15 de maio longe da esposa e dos três filhos, há um mês não fala com eles. “No Haiti não consegui trabalho. Quero trabalhar aqui em Florianópolis e ajudar minha família que ficou lá. Mas hoje quero me comunicar com eles e avisar que estou vivo”, disse Felipe que já conseguiu um emprego na área da construção.

Na fase final do doutorado em Antropologia, natural de Blumenau, e com a experiência de sete anos em que viveu na Argentina, Tamajara destaca como positiva a parceria da Superintendência do Trabalho, a unidade da sociedade civil, Prefeitura e Governo do Estado. Lembrou também que o Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (Igeof) tem contatado empresários dispondo a oferecer trabalho aos estrangeiros.

Padre Joaquim com os haitianos e senegaleses
Padre Joaquim com os haitianos e senegaleses

A história é revivida

Tamajara da Silva observa que o Estado revive a história dos primeiros imigrantes que chegaram ao Brasil. “Mais ou menos entre os anos de 1880 e 1930 aconteceram os grandes fluxos migratórios. Já chegamos a ter 25% da população de Santa Catarina formada por migrantes. Após a Segunda Guerra Mundial também vieram muitos refugiados”, cita a antropóloga. Florianópolis virou um centro de conexão destas pessoas.

Estes haitianos veem em decorrência da situação sócio econômica pós-terremoto que atingiu o país em 2010. De magnitude sete, o abalo deixou um rastro de destruição, com aproximadamente 316 mil mortos e 1,5 milhões de pessoas desabrigadas.

Arquidiocese lança campanha de ajuda humanitária

“Neste primeiro momento, os haitianos e senegaleses precisam de mãos solidárias para lhes dar dignidade na acolhida. A necessidade é principalmente de trabalho e material de higiene”, como explica Tamajara.

Saiba como ajudar:

Locais de entrega das doações:

Combate ao preconceito no Ano da Paz

Com a ajuda humanitária promovida pela Ação Social Arquidiocesana, da Arquidiocese de Florianópolis e Pastoral do Migrante, buscou-se também quebrar o preconceito em relação aos haitianos e senegaleses e oferecer uma vida digna de autênticos filhos de Deus.

Em pleno clima do Ano da Paz promovido pelo Papa Francisco, que se estende do Natal de 2014 ao Natal de 2015, a Igreja quer despertar para a convivência mais respeitosa e fraterna entre as pessoas.

Em um estado e até mesmo um país colonizado por imigrantes, ajudar homens e mulheres que foram privados de uma vida justa, devido às múltiplas formas de violência que se encontram os seus países de origem, é uma maneira de oferecer a paz em seus corações. Homens, como o Felipe desta reportagem, que conseguiu trabalho em Florianópolis e só vai ter paz, quando avisar a família no Haiti que está vivo.

Entre em unidade com o Papa e com a Igreja, ajude a promover a paz entre os haitianos e senegaleses que chegam na Arquidiocese.