Novidade do Doc. 105 da CNBB é a noção dos cristãos leigos e leigas como sujeitos eclesiais. Não são cristãos de segunda classe, meros ouvintes dos ensinamentos do clero, executores de decisões da hierarquia. São membros efetivos do povo santo de Deus. Com Cristo, são sacerdotes, profetas e reis. Sujeitos eclesiais!
IGREJA, COMUNHÃO NA DIVERSIDADE
Para entender e exaltar a condição de sujeitos eclesiais que caracteriza o ser e o agir dos cristãos leigos e leigas, é preciso retomar a concepção conciliar da Igreja como povo de Deus em comunhão e missão. Durante mais de mil anos, a Igreja se entendeu a partir de sua hierarquia, uma instituição articulada em forma de pirâmide, pela qual os chefes tudo decidem de cima pra baixo. A dimensão institucional faz parte da Igreja, diz respeito ao mistério da encarnação de Deus, que assumiu toda a realidade humana. Mas, voltando ao Evangelho descobre-se que o aspecto nuclear da Igreja é a sua configuração com a Santíssima Trindade. Como Deus, uno e trino, a Igreja é um só povo em comunhão na diversidade de funções, ministérios, espiritualidades, teologias etc. A Igreja se conjuga no plural!
POVO PEREGRINO E EVANGELIZADOR
Povo de Deus peregrino nos caminhos da história, a Igreja é a nação santa (Ex 19,5-6), grande e forte (Gn 18,18), descendente da promessa de Abraão. É “o povo de Deus, convocado por Cristo, que institui uma nova aliança, (povo que) provém dentre judeus e gentios e cresce na unidade do Espírito” (Doc. 105, n. 96). Esse povo se constitui de muitíssimos membros, de variadas procedências culturais, que vivem na referência ao Cristo-Cabeça, exercem diversos ministérios de evangelização e serviços de transformação do mundo. “Sua condição é a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus. Sua lei é o mandamento novo do amor. Sua meta é o Reino de Deus a ser estendido mais e mais até a consumação pelo próprio Cristo” (n. 97).
CASA E ESCOLA DE COMUNHÃO
No início do novo milênio, São João Paulo II chamou a Igreja de “casa e escola de comunhão”. Essa imagem “chama a atenção para a totalidade dos batizados: todos fazem parte do povo sacerdotal, profético e real. O Vaticano II supera a noção da Igreja como uma estrutura piramidal, começando a apresentar o que nos une e só depois o que nos distingue” (n. 100).
Por Pe. Vitor Galdino Feller
Publicado na edição de agosto/2018, nº 248, do Jornal da Arquidiocese, página 05.