Nem a chuva espantou os fiéis que compareceram na Catedral e em todas as 71 paróquias da Arquidiocese, na tarde da Sexta-feira Santa, 25.
Este é o único dia do ano em que não é consagrada a Eucaristia. Mas ela é distribuída normalmente, pois foi consagrada no dia anterior.
Dom Wilson presidiu a Ação Litúrgica da Paixão do Senhor na Catedral, que constou de três partes: liturgia da Palavra com a proclamação da Paixão de Jesus, adoração da Santa Cruz e a Sagrada Comunhão. A celebração é o segundo dia do Tríduo Pascal, aberto na Quinta-feira Santa, com a Missa da Ceia do Senhor. É um momento também marcado pela Oração Universal, na qual são feitos os pedidos por todas as intenções do mundo.
O Arcebispo com os padres que concelebravam a Ação Litúrgica entraram em silêncio, sem cânticos, em sinal de luto pela morte de Cristo.
Galeria de imagens da Sexta-feira Santa – Parte I
Galeria de imagens da Sexta-feira Santa – Parte II
Na homilia, Dom Wilson Tadeu Jönck, scj, explicou o sentido das hastes da cruz de Cristo.
Acompanhe trechos das palavras do Arcebispo:
“A haste vertical nos indica aquilo que nós buscamos vem de Deus, somos criaturas de Deus. Essa ligação com Deus é fundamental para a vida do ser humano. E era esse relacionamento com Deus que estava rompido.
A haste horizontal significa todas as coisas do ser humano. O ser humano é contraditório. Tem desejos de felicidade, mas faz coisas que vão contra essa felicidade. É tudo aquilo que o ser humano é na sua natureza.
Quando uma haste se cruza com a outra, se forma a cruz. Ali nós temos construído aquele ser humano pensado por Deus.
O que faz a junção das duas hastes? A nossa fé, a nossa fé em Cristo. É desta forma que nos unimos em Cristo, que descobrimos o ser humano na sua verdade. Essa é a árvore da vida, essa é a cruz.
Hoje celebramos o início da Igreja. Nós devemos levar a força do Espírito para toda a Igreja. Se ficarmos só na haste horizontal, haverá desequilíbrio. É a haste vertical que dará sustentação.
Quando contemplamos a cruz de Cristo, queremos dizer com Ele que somos capazes de sofrer, de salvar, de acolher a salvação do próprio Cristo. Não acolher uma cultura hedonista que só quer buscar o prazer, mas a vida que nos salva, a vida que brota da haste vertical, que é o próprio Deus.
Pela nossa natureza, sempre buscamos o prazer, o mais fácil, uma compensação. Prazer simplesmente humano sempre contém em si a dor. Num segundo momento ou nos leva à culpa ou nos pesa.
É esta realidade do ser humano, desta culpa e desta dor que Cristo vem nos libertar. Como Cristo faz isso? Ele assume toda dor, todo pecado, tudo aquilo que destrói o ser humano. É isso que a cruz de Cristo nos concede. E queremos também força para enfrentar a dor que é inerente da natureza.
Celebramos nossa fé com a morte de Cristo na cruz. A cruz é símbolo desta vida e desta realidade. E quando nós nos colocamos sobre a Cruz, ali estão todas as nossas falhas, nossos pecados, e ali é transformado. Aquilo que é realidade da haste horizontal se torna ordenado novamente, se torna alegria. Esta é nossa fé. E por isso nos colocamos diante do crucificado. Queremos colocar nosso pecado na cruz de Cristo e Ele há de transformar nosso pecado em verdadeira alegria.
Somos salvos por esta cruz de Cristo. Então a cruz não é mais maldição, é sempre sinal de esperança, de superação. Em Cristo devemos superar todas as nossas situações. Nos agarrar à cruz de Cristo e colocar nela a nossa vida”.
Para a advogada Dayse Dionísio, moradora do bairro Capoeiras, em Florianópolis, a Sexta-feira Santa representa um momento intenso de viver todo sofrimento que Jesus passou por ela, para que tenha a alegria em cada dia. “Onde posso perceber que todo sofrimento que passo é muito pequeno comparado ao sofrimento que Ele passou. O que me deixa triste e alegre ao mesmo tempo, é que me faz pensar o quão pequenos somos diante das dificuldades”, destacou Dayse.
Após a adoração da Santa Cruz, o Movimento Água Viva Jovem encenou a Paixão de Cristo, no interior da Catedral, devido à chuva. Foram dois meses de preparação que contou com a participação de aproximadamente 30 jovens. Há nove anos que eles fazem esta apresentação que relembra os passos sofridos de Jesus até a cruz, emocionando a todos.
Para terminar a Sexta-feira Santa, a procissão do Senhor Morto e as palavras do vigário paroquial, Luiz Harding Chang.
Na noite do Sábado Santo acontece Vigília Pascal, onde e celebrada a Páscoa de Jesus.
Na Catedral, as Missas no Domingo de Páscoa serão nos seguintes horários:
07h30, 09h30, 18h e 19h30.