Muitos estudiosos buscaram aprofundar o estudo sobre o fenômeno religioso. Muitos destes estudos, porém, são parciais, pois não leva01m em conta todos os elementos envolvidos na atitude religiosa das pessoas. Daí resultam conclusões distorcidas a respeito da prática religiosa dos seres humanos.
Para muitos, Freud, por exemplo, a religião é uma neurose, uma projeção dos desejos humanos. Outros veem a prática religiosa do ponto de vista utilitarista. É um conjunto de atitudes de vida que ajuda a pessoa a se realizar. O dado deixado de lado ou tratado com superficialidade nestas abordagens é a realidade transcendente. O que há de mais central no fenômeno religioso é o relacionamento do ser humano com Deus.
A religião é o conjunto de linguagem, sentimentos, crenças, comportamentos e símbolos através dos quais a pessoa de fé se põe em relação pessoal com um ser sobrenatural. Sobrenatural quer dizer que não pertence às forças naturais, nem às instâncias humanas – transcende as duas – é radicalmente Outro. O ser transcendente revela-se, insere-se na história do ser humano ou se faz acessível através de símbolos. Assim, a prática religiosa pode se tornar o valor central do projeto de vida, capaz de dirigir o viver e de ser um fator de amadurecimento da pessoa humana. Pela fé, a pessoa aceita que a sua conduta está vinculada a uma vontade superior que é a razão última de suas escolhas.
A psicologia humana tem aprofundado a reflexão sobre a religiosidade do ser humano. Uma primeira constatação é que o psiquismo humano é dotado de capacidade de entrar em contato com o transcendente, mais ainda, tem desejo de entrar em diálogo com Deus. Encontra Nele a fonte da verdade que ultrapassa a lógica dos silogismos.
Uma segunda afirmação da psicologia é que a prática religiosa, ao contrário do que muitos podem pensar, é um fator de crescimento na maturidade humana. Como a atitude religiosa toca todas as dimensões do ser humano, a educação na fé torna-se um fator de integração das capacidades humanas. Desta forma, a prática religiosa supera a mera busca de gratificação ou fuga do perigo. O relacionamento com Deus faz a pessoa crescer no desenvolvimento humano.
Por: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj
Artigo publicado na edição nº 206 de novembro de 2014 do Jornal da Arquidiocese, página 02.