Palavra do Arcebispo: Igreja Católica

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Palavra do Arcebispo: Igreja Católica

No caminho sinodal somos convidados a refletir de novo sobre ideias bem conhecidas. É preciso repensar sobre o que entendemos por Igreja católica. Sirvo-me de algumas ideias de Henri de Lubac para expor alguns tópicos.

Um primeiro elemento é que não podemos ver o catolicismo como uma religião ao lado de outras religiões. Isto significaria equivocar-se a respeito da natureza da Igreja. Católico não é um conceito que se refere à difusão da doutrina em termos de área. A Igreja é católica desde o dia de pentecostes, quando a totalidade de seus membros cabia em uma sala. A Igreja é católica desde o primeiro momento da sua existência, simplesmente porque ela se volta para a totalidade do ser humano e compreende-o segundo a sua natureza integral.

Catolicismo significa igualdade, pluralidade, universalidade. É católica pelo fato de tocar o fundamento do ser humano, de alcançar todas as pessoas e permitir que suas próprias harmonias ressoem a partir dela. Cardeal Newman via a Igreja como a única arca da salvação, por isso deve abrigar toda a humanidade em seu grande navio. Toma o pensamento de Santo Agostinho que via a Igreja como o único salão de festa do grande banquete, nela devem ser servidas as comidas de toda a criação.

A catolicidade mostra que a Igreja é como uma mãe que atrai a si todos os que devem ser seus filhos, a fim de conservá-los unidos no seu regaço. Seus filhos acorrem de toda parte. São homens, mulheres, crianças, gente de todas as raças e línguas, gente de todas as culturas, de todas as formas de vida e pensamento, gente da ciência e de todas as profissões e ocupações, gente de toda dignidade e destino. A todos recria o Espírito Santo.

A Igreja é o prolongamento da encarnação de Cristo na história. É chamada a ocupar-se com as mesmas realidades com que Cristo se confrontou. Todos os mistérios da fé são desdobramento do único mistério original, têm uma estrutura paradoxal. Vejamos uns exemplos: Deus criou o mundo para a Sua glória, no entanto, por pura bondade; o ser humano é ativo e livre, no entanto nada consegue sem a graça. Assim a Igreja, é comunidade visivelmente constituída, mas também invisível; Maria é ao mesmo tempo virgem e mãe; Cristo é totalmente Deus e totalmente homem.

A tentação da razão humana é dissolver a polaridade presente na nas declarações paradoxais. Quer, pela razão, buscar uma simplificação unilateral. Assim surgem as heresias e as divisões. O caminho sinodal terá sempre o desafio de superar esta tendência à divisão. É no Espírito, que une as pessoas da Trindade, que se encontrará a unidade.

Por Dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ

Artigo publicado na edição 289, de maio de 2022, do Jornal da Arquidiocese, página 2.

SinodalidadeSínodo 2023

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