Cristo diz aos apóstolos para terem cuidado com o fermento dos fariseus (Mc 8,15). Os Evangelhos registram uma forte crítica de Jesus ao modo como os judeus viviam a religiosidade. Aquilo que Cristo diz aos fariseus, está dizendo também a cada um de nós. Sim, porque todos nós que procuramos viver mais intensamente a vida de fé, somos fortemente tentados a repetir aquele comportamento dos fariseus. Por este motivo é tão importante o tempo da Quaresma. Somos convidados a rever a nossa vida e nos afastar daquelas atitudes que nos identificam com os fariseus. E qual é o fermento dos fariseus?
Os fariseus procuram a Jesus, não para segui-lo, mas para colocá-lo à prova. Mesmo que adotem uma prática religiosa, têm o coração duro. Não aceitam mudar de atitude, mas querem desautorizar a prática de Jesus. É por belzebu que expulsa demônios, dizem eles (Mt 12,24). Buscam a polêmica para não ter que mudar a sua vida.
O Evangelho diz também que os fariseus são hipócritas. “Fazei tudo que disserem, mas não imiteis o que eles fazem” (Mt 23,3). O divórcio entre o ser e o agir é uma tendência que persegue a todos que iniciam uma caminhada espiritual. Por este motivo sempre se procura esconder a realidade. Parecem uma coisa que não são.
Os fariseus gostam também de parecer como austeros na observância, mas são sedentos de aplausos, ávidos por dinheiro. Multiplicavam as normas e preceitos. Tornavam muito pesada a vida dos fiéis. As penas pela transgressão das leis iam desde a pena capital até atos de penitência que deviam ser cumpridas pelos faltosos. Assim a lei deixava de ser um caminho, para se tornar um fardo a ser carregado.
Os cristãos de todos os tempos são tentados a viver a vida religiosa ao modo dos fariseus, também no nosso tempo. Viver como discípulo de Cristo requer que superemos o fermento dos fariseus. A Quaresma é tempo de se dar conta da presença destas distorções e corrigir o curso da vida.
Por: Dom Wilson Tadeu Jönck, scj
Artigo publicado na edição de março de 2018, nº 243, do Jornal da Arquidiocese, página 02.