As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023, recém-publicadas, propõem fortalecimento de comunidades eclesiais missionárias no mundo urbano, que sejam sinais da presença de Jesus e do seu Reino no mundo urbano.
O DESAFIO DA CULTURA URBANA
O mundo atual torna-se cada vez mais uma grande cidade. A cultura urbana se expande aos rincões mais distantes. As pessoas tendem a ser mais individualistas, imediatistas, consumistas. Diminui a influência das tradições, religiões, instituições, porque as pessoas tendem a fazer suas próprias escolhas, baseadas em critérios subjetivos, emocionais. Crescem as formas de sofrimento, como a pobreza, o desemprego, a violência, a solidão, a devastação ambiental. Isso traz consequências humanas, éticas, sociais, tecnológicas e ambientais. Também consequências para o modo como exercemos a obra evangelizadora.
A CIDADE DO NOSSO DEUS
Os cristãos são convidados a fazer que as cidades sejam lugares onde Deus habita. Até se pode dizer: “a cidade de nosso Deus” (Sl 48,9). Para isso, como ensinou São Paulo VI, é preciso “atingir e como que modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade” (EN, 19). Isso será feito por meio de comunidades eclesiais missionárias. Nelas se vence o individualismo com a vivência da comunidade, supera-se a ganância do consumismo com a simplicidade e a sobriedade, anula-se a pressa do imediatismo com a paciência do serviço ao próximo.
CIDADES NOVAS
Diz o Documento de Aparecida: “A fé nos ensina que Deus vive na cidade, em meio a suas alegrias, desejos e esperanças, como também em meio a suas dores e sofrimentos” (DAp, 514). Com esta certeza de fé, somos convidados a fazer que nossas cidades se tornem cidades novas, como a nova Jerusalém, que vem do alto como dom de Deus, mas que também vai se realizando neste mundo através de nossa presença, do anúncio do Evangelho e do testemunho do amor e do serviço. Para isso, é preciso que a Igreja, semente e sacramento desta nova cidade, seja cada vez mais plural, samaritana, profética, acolhedora. Verdadeiramente humana, mas carregada do mistério divino.
Publicado na edição de julho de 2019, do Jornal da Arquidiocese, página 05
Por Pe. Vitor Feller