Estando à mesa com seus discípulos, “Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: ‘Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará’” (Jo 13,21).
Meditatio (meditação)
Durante a última ceia, na cena do Lava-pés, o amor profundo de Cristo pelos seus discípulos contrasta com a traição de Judas. Embora seja discípulo de Jesus, Judas não está em comunhão com o projeto de salvação de seu Mestre. Judas representa nosso lado sombrio, nossas infidelidades, nossas resistências ao amor de Jesus. Não estar disposto a doar a vida e não querer servir aos irmãos são atitudes de traição ao Evangelho de Cristo. Mesmo sendo discípulos, muitas vezes traímos Jesus. Rejeitamos suas atitudes, sua misericórdia. A traição de Judas e as nossas traições demonstram a impotência divina diante da nossa condição de homens e mulheres livres. O Senhor respeita nossas escolhas e jamais age com imposição. Mesmo rejeitado, Deus não deixa de nos amar. Ele se comove e nos oferece o primeiro pedaço do pão repartido.
Oratio (oração)
“Criai em mim, Senhor, um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido” (Sl 50,12).
Contemplatio (contemplação)
“Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Na intimidade do nosso coração, deixemo-nos envolver pelo profundo amor de Cristo.
Missio (missão)
O Lava-pés acontece dentro de uma refeição fraterna. Todavia, há quem não sintonize com a fraternidade e a partilha: Judas Iscariotes, o “filho da perdição” (Jo 17,12). Judas, o filho que se perdeu, retrata aqueles que não abrem mão de seus privilégios e não querem partilhar os bens nem colocar a própria vida a serviço dos outros. De fato, é difícil vencer os nossos desejos mesquinhos. Contudo, superar o egoísmo e abraçar o amor fraterno é condição indispensável para se tornar discípulo autêntico do Senhor. Nossa missão é dar continuidade àquilo que Jesus fez: partilhar o pão, amar até o fim, praticar a misericórdia, servir aos irmãos…
Por Pe. Wellington Cristiano da Silva
Artigo publicado na edição de março/2018, nº 243, do Jornal da Arquidiocese, página 08.