Gálatas: a magna carta da liberdade cristã (3)

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Gálatas: a magna carta da liberdade cristã (3)

Vimos na edição passada que pela fé em Jesus e pela associação a Ele através do batismo, obtêm-se as promessas de Deus, a salvação e a vida eterna. São Paulo desvinculou a necessidade dos pagãos (não-judeus) de se converterem à Lei mosaica, ao culto e aos hábitos alimentares dos judeus como “necessário” para a salvação. Pois somos salvos pela fé em Jesus Cristo, e não pela Lei. Fomos libertados dos jugos doutrinários da Lei para viver a “liberdade” dos filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo.

Contudo, isso não deveria significar que qualquer estilo de vida fosse possível ao novo modo de viver dos cristãos. De fato, sendo o amor a marca essencial do agir cristão, somos libertados para agir no amor. A fé não é vazia de obras concretas, mas “a fé opera pela caridade” (5,1-6). Liberdade é crescimento no amor, manifestado expressamente na generosidade, caridade, empenho de justiça. Quem diz “eu faço o que eu gosto, o que eu quero, o que eu tenho vontade”, pautando-se no egocentrismo, não é livre, mas escravo de suas paixões.

Foi para a liberdade, e não para a libertinagem, que fomos libertados por Cristo: “Vós fostes chamados à liberdade, irmãos. Entretanto, que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a serviço uns dos outros” (5,13). A “carne”, aqui, indica, a situação humana pecadora, que produz rixas, discórdias, divisões…, e o “espírito” indica a situação humana redimida, que produz amor, alegria, paz, longanimidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio (5,13-24). Desenvolvendo ainda os frutos do amor, ele se manifesta pela correção fraterna em espírito de mansidão; pelo zelo em carregar o fardo uns dos outros; pela partilha dos bens materiais (5,25–6,6).

No epílogo (6,11-18), São Paulo assina a carta “de próprio punho”. Reitera a falsidade de quem quer impor jugos pesados, mas nem mesmo os suportam; reapresenta sua total dedicação a Cristo, pelo qual se tornou uma nova criatura.

Artigo publicado na edição de junho de 2019 do Jornal da Arquidiocese, página 08

Por Pe. Gilson Meurer

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