Gálatas: a magna carta da liberdade cristã (2)

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Gálatas: a magna carta da liberdade cristã (2)

Após as saudações iniciais, São Paulo deixa entrever aos Gálatas o tema central da sua epístola: a libertação em Cristo (1,3).

Inicialmente ele precisa responder aos ataques que seus adversários lhe fazem de não ser um autêntico apóstolo. De fato, Paulo não era do grupo dos doze. No entanto, ele recorda que seu apostolado foi um chamado direto de Deus. Mesmo sem citar, faz alusão a sua conversão em Damasco, onde Cristo lhe apareceu e, de perseguidor dos cristãos, tornou-se intrépido propagador (1,11-24). Ele ainda se encontra com Pedro (1,18) e com os outros notáveis (2,1-10) para lhes expor sua revelação e o Evangelho que anuncia aos pagãos, recebendo deles a aprovação. São Paulo tem tanta autoridade quanto os outros apóstolos, a ponto mesmo de “repreender” Pedro quando achou necessário (2,11-14). Diante disso, os gálatas não deviam temer a veracidade do seu anúncio, pois tem o dedo de Deus e a aprovação dos outros apóstolos.

Em seguida, ele trata de expor seu Evangelho: Deus não faz acepção de pessoas (2,6), mas chama judeus e pagãos para a salvação em Jesus Cristo. Os pagãos são herdeiros das promessas feitas a Abraão por meio de Jesus Cristo, «o herdeiro” por excelência (3,16), que as confere a quem nele crê e a Ele se associa pelo Batismo. “Se vós sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa” (3,29). Aos que pretendiam impor a Lei mosaica, e seu conjunto de normas cultuais ou alimentares, para a salvação, S. Paulo diz que é pela fé em Jesus Cristo que somos salvos. “Somos judeus de nascimento”, diz S. Paulo, “mas o homem não se justifica pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo” (2,15-16). Se o homem se salvasse pela prática da Lei, ou por outro esforço seu (mesmo os mais dignos de louvor), invalidaria a graça de Deus, e Cristo teria morrido em vão (2,21).

Os seus argumentos partem da experiência dos próprios Gálatas que, mesmo sem conhecer a Lei, receberam o Espírito Santo quando foram batizados. E as Escrituras confirmam: também Abraão foi justificado por causa da sua fé, mesmo antes de ser circuncidado e mesmo antes de a Lei ser emanada (430 anos depois, com Moisés). Por isso, a Lei serviu para mostrar ao ser humano o quanto ele é incapaz de se salvar, pois ele não consegue cumpri-la por si mesmo quando deixado às suas forças. Ela serviu para que se manifestasse as transgressões humanas, até que viesse o Cristo. “A Lei se tornou nosso pedagogo até Cristo” (3,24). Na próxima edição, Deus volens, aprofundaremos as obras da fé.

Artigo publicado na edição de maio de 2019 do Jornal da Arquidiocese, página 08

Por Pe. Gilson Meurer

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