Filipos se tornou uma cidade florescente quando Filipe II, pai de Alexandre Magno, a edificou após a descoberta de ouro nas redondezas e a rebatizou com o seu nome no séc. IV a.C. Mas seu grande renome despontou quando, em 42 aC., tornou-se o palco da batalha romana de Marco Antônio e Augusto contra Bruto e Cássio, para vingar a morte de Júlio César (42 aC.) e debelar o movimento dos republicanos. Daí a cidade se tornou uma exponente colônia com língua e costumes romanos, contando, porém, com uma população bem heterogênea. Com efeito, o Panteão de Filipos abrigava divindades dos mais diversos povos romanos, gregos, asiáticos, egípcios. A comunidade judaica era discreta e sequer possuía uma sinagoga.
Pelos idos dos anos 50 dC., após ter em sonho uma visão de um macedônio suplicando o anúncio da salvação (At 16,9), Paulo viaja com Silas para Filipos, a primeira cidade europeia a receber deles o Evangelho (At 16,11-40). Os primeiros resultados não frustraram. Logo no sábado, junto às margens do rio Gangites, onde os judeus desciam para as abluções e para orações, o anúncio de Jesus Cristo converte Lídia, uma negociante de púrpura, com toda a sua família.
Entretanto, o crescimento dos cristãos suscitou a oposição de quem se beneficiava com outros cultos nessa cidade eclética, e arrastaram Paulo e Silas ao tribunal da cidade, a ágora (praça), acusando-os de perturbação e de inculcar costumes não romanos. Foram, por isso, torturados e lançados na prisão. Fatos extraordinários fazem o carcereiro se converter ao Senhor e a acolher em sua casa Paulo e Silas. Após a saída da cidade, Paulo ainda pôde visitar Filipos em outras viagens missionárias (At 20,1-2; 23,3-6), com quem estabeleceu uma profunda amizade, pois são para ele “irmãos amados e queridos, sua alegria e coroa” (Fl 4,1).
A carta que lhes escreveu, aparentemente foi escrita durante o cativeiro em Roma, pelos anos 63 (alguns estudiosos a situam durante um cativeiro em Éfeso, pelos anos 55). Seu portador foi Epafrodito que trouxera ofertas dos filipenses, mas foi enviado de volta após adoecer (Fl 2,25). Nessa carta, cujo conteúdo trataremos na próxima edição do jornal, Paulo envia notícias de sua situação, agradece as doações recebidas, e alerta contra falsos mestres.
Por Pe. Gilson Meurer
Artigo publicado na edição de setembro de 2019 do Jornal da Arquidiocese, página 08